Para garantir que as novas regras sobre as condições de trabalho em frigoríficos - estabelecidas pela norma regulamentadora 36 no ano passado - sejam cumpridas à risca, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) montaram uma força-tarefa no início deste ano. De lá para cá, o grupo vem intensificando inspeções em unidades gaúchas.
É desse trabalho que resultou, nesta quarta-feira, a interdição de alguns setores da unidade de Montenegro da JBS - cujo abate médio diário é de cerca de 1 milhão de unidades, segundo a empresa. O setor de descarregamento de frango e as máquinas da área de embutidos estão na lista das interdições por apresentarem riscos ao trabalho - como a possibilidade de choque elétrico e amputação/esmagamento de membros.
Apesar da interdição ser parcial, como contempla partes essenciais ao processamento, deve comprometer o trabalho no frigorífico, com impacto na produção gaúcha de aves.
Segundo Mauro Marques Müller, auditor fiscal do trabalho e coordenador do Projeto Frigoríficos do MTE, também foi verificado ritmo de trabalho intenso em alguns setores, o que vem causando o adoecimento de funcionários da unidade.
- É o momento de parar a empresa para que resolva os problemas, que são críticos - diz Müller.
Em nota, a JBS, gigante mundial do setor de proteína animal, afirmou que já estava tomando medidas e ainda nesta quarta-feira entraria com um pedido para desinterditar algumas áreas da unidade. Novas ações devem ser implementadas quinta e sexta para que a planta "esteja 100% liberada até o domingo".
A unidade é a segunda a ser parcialmente interditada neste ano. Em janeiro, a planta da Minuano em Passo Fundo também teve setores paralisados. Uma semana depois, com os ajustes feitos, os abates foram retomados.