Com água no pé e sol na cabeça, combinação perfeita para o arroz, mais da metade da safra brasileira do grão começa a ser colhida no Rio Grande do Sul com preços valorizados e consolidação de mercados externos. Cultivado em áreas de várzea e irrigadas por inundação, o cereal, que juntamente com o feijão compõe o prato mais típico do país, teve oferta e demanda equilibradas pelo mercado e é reconhecido pela qualidade. Em lavouras com alta tecnologia, onde os custos de produção ultrapassam R$ 4 mil por hectare, produtores alcançam boa produtividade com manejo do solo e mecanização e, mais recentemente, na rotação com a soja.
Em Vídeo, veja a razão do destaque da produção do Rio Grande do Sul
- Ao diversificar a produção, o arrozeiro reduz a pressão de venda na hora da colheita, podendo segurar o grão para conseguir preços melhores - diz Claudio Pereira, presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Com atraso de 40% das lavouras em razão da chuvarada no plantio, o Estado estima colher 8,46 milhões de toneladas - 65% da produção nacional e o segundo melhor resultado da história, depois da safra 2010/2011.
Estoque público é o menor em uma década e valoriza o grão
A expansão da área em 4% na comparação com o ano passado, chegando a 1,1 milhão de hectares, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é justificada por preços estáveis e expansão das exportações:
- O aumento da demanda estabilizou o mercado e deu maior competitividade ao setor - ressalta o presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles.
O bom momento para o arroz é atribuído também ao menor estoque público em uma década - em torno de 600 mil toneladas. Com preços entre R$ 33 e R$ 39 a saca de 50 quilos, segundo a Emater, o governo provavelmente não terá de intervir para regular o mercado daqui para frente.
- Isso estabelece uma tendência de equilíbrio para o mercado de arroz no Brasil - completa Dornelles.
Em Mostardas, no Litoral Sul do Estado, onde a colheita será aberta oficialmente neste sábado, os produtores esperam uma média de 150 sacas por hectare. Localizado na planície costeira externa, região com denominação de origem em razão do clima diferenciado pela presença da Lagoa dos Patos e do mar, o município tem a sexta maior área plantada do Estado com o grão - cerca de 37 mil hectares. Ao mergulhar em uma propriedade que cultiva arroz há mais de 70 anos e consegue produtividade superior à média da região, as próximas páginas mostrarão a tecnologia na mecanização e no solo da lavoura, que tem o maior custo de produção na comparação com os demais grãos.
Veja aqui o funcionamento de uma propriedade considerada modelo
Com técnicas específicas de manejo que vão do preparo das terras encharcadas para plantio até a secagem de grãos após a colheita, o arroz gaúcho conquista mercados com o status "tipo qualidade". O diferencial do cereal gaúcho, garantem os produtores, pode ser sentido à mesa no aroma, no sabor e na apresentação do grão que chega ao prato dos consumidores do Brasil e do mundo, com aumento de 20 vezes nas exportações em 10 anos.