Principal ingrediente da farinha, o trigo tem sido apontado como responsável pelas altas acumuladas em produtos como o pão francês. Foi também com o argumento de aliviar a pressão sobre a inflação provocada por esse aumento que o governo manteve a isenção da Tarifa Externa Comum, cobrada para países de fora do Mercosul.
Estudo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), porém, tira o trigo da condição de vilão. Utilizando três argumentos diferentes, o levantamento mostra que o peso da valorização do grão existe, mas é superdimensionado.
- Testamos essa ideia de que o trigo tem relação com o preço final do pão ao consumidor - explica o economista-chefe da entidade, Antonio da Luz.
O primeiro argumento mostra que o trigo responde por 14% sobre o preço final do pão francês - considerando o valor médio do quilo, no mês de setembro. Os outros 86% vem de itens como mão de obra, aluguel, impostos e logística.
No segundo argumento, que mede a influência dos derivados do trigo no IPCA, a conclusão é de que têm impacto de 3,7%. No terceiro, foram usados modelos matemáticos, comparando o preço do pão de março de 2002 a setembro deste ano. A correlação entre os valores do trigo e do pão foi considerada muito baixa.
- Quem não quiser olhar a questão técnica pode fazer a conta indo a uma padaria. Nos últimos 15 dias, o preço da saca do trigo caiu 12%. E o do pão? - questiona Luz.