Com potencial agressivo para destruir as principais culturas agrícolas, em menos de um ano a lagarta Helicoverpa armigera tornou-se uma das inimigas mais temidas da agricultura brasileira. Encontrada em nove Estados na última safra, quando causou prejuízos de R$ 2 bilhões em plantações de soja, milho e algodão, a praga pouco conhecida desafia órgãos públicos a formular programas de manejo e produtores a redobrar os cuidados nas lavouras.
Nas regiões onde a suspeita ainda não foi confirmada, caso do Rio Grande do Sul, o acompanhamento será ainda mais determinante para proteger a produção.
- E isso não significa passar inseticidas preventivamente, mas sim saber identificar as pragas presentes e a partir de então adotar o manejo adequado - explica Adeney de Freitas Bueno, pesquisador de manejo de pragas da Embrapa Soja.
Bueno alerta que aplicações excessivas ou desnecessárias de defensivos, por exemplo, podem causar danos ainda maiores.
- O produtor tem de buscar conhecimento com assistência técnica e órgãos de pesquisa antes de mais nada - completa o pesquisador.
No Mato Grosso, onde a safra 2013/2014 de soja recém começou a ser semeada, a lagarta já foi identificada, aumentando o alerta para combater o inseto. Com a aplicação noturna de inseticidas, os produtores tentam conter a praga antes da germinação da lavoura.
Para mapear a ocorrência de pragas no país e planejar ações, o governo federal irá lançar ainda neste ano um programa nacional de manejo integrado de lagartas. As estratégias serão definidas em conjunto por representantes de secretarias estaduais de defesa agropecuária, Embrapa, universidades e especialistas.
- A identificação da Helicoverpa armigera é bem complexa, por isso precisamos alinhar as ações de combate. Se houver qualquer suspeita, o produtor deve procurar um órgão técnico - orienta Eriko Sedoguchi, fiscal agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
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Embrapa e Emater farão monitoramento no Estado
No Rio Grande do Sul, na próxima terça-feira, dia 15, a Embrapa e a Emater começarão a fazer um trabalho inédito: monitorar semanalmente a presença de insetos ou pragas em 24 lavouras em 12 regiões.
- Queremos conhecer o comportamento dos insetos ao longo dos anos para planejar ações menos agressivas possíveis. O agricultor não pode ficar refém de uma receita pronta oferecida por pacotes tecnológicos - explica o engenheiro agrônomo da Emater Alencar Rugeri, acrescentando que o trabalho será feito nas lavouras de soja e milho até o fim da safra de verão.
MAPA: Onde a praga atingiu as lavouras brasileiras