Longe de ser um alimento escolhido apenas por ser fonte de nutrientes, a carne bovina sempre representou prazer - ou desprazer - na mesa dos brasileiros. A satisfação principal é obtida com a maciez e referendada pelo sabor e suculência do corte. O que para os consumidores passou a ser uma exigência recorrente, para os pecuaristas é a confirmação de que a vida longa na atividade será permeada por investimentos em genética, nutrição, manejo e sanidade.
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Alimentar esse mercado voraz por carne de qualidade requer um trabalho que começa na escolha das raças de acordo com o ambiente, passa pelas pastagens e cuidados no trato do animal e termina no momento considerado ideal para abate - de 18 a 30 meses no caso das raças britânicas. Confira abaixo o quanto cada fator representa, percentualmente, na produção de um corte de qualidade:
- A maciez da carne é determinada pela idade do animal. Quanto mais novo, melhor será o resultado do produto - explica João Paulo Schneider da Silva, um dos administradores da GAP Genética, com sede em Uruguaiana, na Fronteira Oeste.
Reconhecida por produzir animais de excelência, a propriedade atua no melhoramento genético dos animais e dá prioridade a técnicas de nutrição e ajustes de lotação no campo.
- O ideal é cada animal ter um hectare de pastagem, equivalente a um campo de futebol. Caso contrário, a alimentação deve ser suplementada - explica Silva.
Os cuidados direcionados à nutrição de animais de raças precoces adequadas ao clima temperado típico do pampa, faz com que 70% da receita da GAP seja oriunda de novilhos eficientes, ou seja, com abate precoce e cobertura de gordura (em capa).
Indústria paga mais por qualidade diferenciada
O melhoramento genético, por meio de cruzamento de raças puras (angus, hereford e nelore) e sintéticas (braford e brangus), busca não somente encurtar o período do nascimento até o abate, mas também melhorar índices de fertilidade e habilidade materna.
- Ao aproveitar os potenciais positivos de cada raça, os cruzamentos conseguem gerar indivíduos mais produtivos do que seus genitores - diz Antônio Cabistani, diretor da Cort Genética.
Ao cruzar um bovino da raça angus, caracterizado pelo elevado índice de marmoreio (gordura intramuscular), com um hereford, com maior abundância de gordura periférica (cobertura), consegue-se uma carne com sabor e suculência, exemplifica Cabistani. Pela qualidade diferenciada dos animais, a indústria chega a remunerar até 12% a mais os criadores, destaca o empresário.
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