Na hora de planejar a lavoura, o custo dos produtos químicos tem pesado no bolso do produtor. Com a valorização do dólar no ano, insumos como defensivos agrícolas e fertilizantes ficaram ainda mais caros. A tentação de conseguir driblar preços ronda o produtor gaúcho - e brasileiro. Mas pode ser perigosa. Nesta terça-feira, a Polícia Federal prendeu mais duas pessoas ligadas a um esquema de contrabando de agrotóxicos do Uruguai.
Ao utilizar produtos sem autorização no Brasil - ainda que com o mesmo ingrediente ativo -, o produtor se expõe a riscos que vão de punições previstas na legislação (prisão, multa e destruição da lavoura onde o produto foi aplicado) até os efeitos nocivos à própria saúde. O alerta vem do engenheiro agrônomo José Annes Marinho, gerente de educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef):
- O benefício econômico que o produtor acha que tem com o contrabando pode ir por água abaixo com os riscos.
Uma das primeiras implicações práticas da entrada ilegal de um agrotóxico é a dificuldade de identificação da procedência. Em caso de produtos granulados, Marinho observa que não há como saber se os itens foram submetidos ao processo de qualidade exigido das empresas que vendem no Brasil. Aqui, são feitos testes para medir o impacto da aplicação, e os produtos são classificados em diferentes categorias, da que oferece maior à que oferece menor risco.
Quando o produto entra por contrabando, não é possível saber sua classificação. Há ainda o risco de se comprar gato por lebre. Existem registros de casos em que produtores que acreditaram estar comprando determinado ingrediente ativo, que era, na verdade, farinha ou ainda areia. Se o preço alto é ruim, o prejuízo do produto ilegal pode ser ainda maior.