O ginete Lindor Colares, com três Freios de Ouro no currículo, avalia que hoje é mais fácil aprender as técnicas para conduzir os animais.
- Agora tem muita informação. Hoje mesmo está chegando um menino para estagiar comigo. Imagina só! - conta, lembrando-se de como teve de se esforçar para ganhar experiência.
Nascido em Bagé, morava na cidade, mas todo final de semana escapava para o campo, na casa de parentes, para ficar perto dos cavalos. Aos 18 anos, começou a domar exemplares profissionalmente. Primeiro, como empregado, ganhou experiência:
- Quando se é humilde, todo mundo dá informação e quer que tu cresças.
Classificou o primeiro cavalo em 1996. Três anos depois, ganhou o Freio. Mais tarde, nasceu seu único filho, Leo- nardo, hoje com 15 anos.
- Desde criança, eu andava no meio do galpão, vendo o que meu pai fazia, nem me lembro quando comecei a montar - conta o adolescente.
O pai jura que nunca obrigou o filho a montar, mas entende sua paixão porque também sente o mesmo:
- Cavalo é como gente: uns são bons para uma coisa, ruins para outra.
O filho não apenas gosta. Adora. Já ganhou o título de ginete destaque em classificatória. Não foi o mais jovem - Daniel Teixeira também ganhou o título aos 15 anos -, mas caso Leonardo ganhe a final, será o de menor idade na competição. O adolescente, porém, não foi submetido a um treinamento rigoroso:
- Comecei a treinar para o Freio com 10 anos. Mas agora faço quando dá, uns 15 minutos por dia. Como estou no primeiro ano do Ensino Médio, não tenho mais todas as tardes livres - lembra, já quase com saudade.
O pai fica orgulhoso, mas, diante da idade do filho e da necessidade da escola, não cobra a obtenção de títulos:
- Ele tem de estudar. Se ganhar, muito bem. Se não, tudo bem também. A obrigação agora é ir bem na escola. Não que eu tenha ido muito bem, né? - brinca Lindor, lembrando que teve dificuldades para terminar o último ano do colégio em razão dos trabalhos no campo.
Leonardo entende o recado e diz ser bom aluno. A escola fica na cidade, embora sua cabeça - assim como a do pai, na juventude - permaneça no campo. Só espera a hora de se formar e trabalhar na área rural. Além da técnica, Leonardo conta que o pai ensinou a ser trabalhador, dedicado e humilde.
- Ele é um exemplo para todo mundo. Sempre tratando os empregados bem. Não, empregados, não. Amigos. É isso o que eles são depois de tanto tempo - corrige-se rapidamente.
Questionado se não tem outro filho, Lindor responde prontamente:
- Não, é meu único. Só tem aqueles outros 32 - conta, rindo, referindo-se aos cavalos que treina.
VÍDEO: Entenda como funcionam as classificatórias para o Freio de Ouro