A expectativa de uma colheita de trigo 32,64% maior neste ano deve representar preços menores para a farinha no Estado, inflados em razão da quebra da safra passada. Entre maio de 2012 e o mesmo mês neste ano, o produto teve aumento de 70% a 80%, segundo o Sindicato das Indústrias de Panificação e de Massas Alimentícias e Biscoitos do Rio Grande do Sul (Sindipan), resultado da escassez gerada pela menor oferta de matéria-prima no Estado, no Uruguai e na Argentina.
Para suprir a demanda, as indústrias precisaram importar trigo também dos Estados Unidos, elevando seus custos, justifica o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado (Sinditrigo), José Celestino Antoniazzi. A consequência é o aumento também no preço do pão, que pode subir 10% até a chegada da nova safra, de acordo com o Sindipan. Atualmente, o quilo do pão está entre R$ 5 e R$ 8. Nesta mesma época em 2012, variava de R$ 4 a R$ 7.
- Ainda temos seis meses de entressafra. É necessário aguardar o resultado da safra gaúcha, do Paraná, da Argentina e dos Estados Unidos para termos uma definição quanto aos preços - diz o presidente do Sindipan, Arildo Bennech de Oliveira.
A mudança neste cenário vai depender do atual ciclo, que já começou a ser plantado nas Missões e no Noroeste. Com os preços valorizados, a safra de trigo vai ganhar mais espaço em 2013. A Emater aponta para um aumento na área cultivada de 3,85% em relação ao último ano, para 1,027 milhão de hectares.
A pequena elevação na área deve ser compensada por uma produtividade maior, já que a expectativa é colher 2,4 mil quilos por hectare (cerca de 40 sacas). No entanto, tudo vai depender das condições climáticas, que em 2012 prejudicaram a produção.
- Tivemos excesso de chuva e geada no mês de setembro, que foram determinantes para a produtividade e a qualidade baixa do grão - observa Ataídes Jacobsen, assistente técnico da Emater em Passo Fundo.
Em 2012, a colheita ficou em 1,867 milhão de toneladas, quebra de 31,8% em comparação ao resultado de 2,74 milhões de toneladas de 2011. Para este ano, a expectativa está em 2,475 milhões de toneladas.
Cotação mais alta estimula produtores
O aumento na produção se deve a fatores como a capitalização do produtor após a safra de verão, o preço valorizado do trigo e as perspectivas de boas condições climáticas. Segundo o analista de mercado Elcio Bento, da Safras & Mercado, o preço mínimo hoje para o trigo é de R$ 531 a tonelada. Em 2012, o valor estava em R$ 460 pela tonelada.
- A expectativa é de que a cotação do trigo fique acima do preço mínimo até o final da safra. Hoje, os valores chegam de R$ 680 a R$ 700 a tonelada. Isso mantém o produtor interessado na cultura - avalia.
Em Cruz Alta, o agricultor Mário Oberherr, 50 anos, vai elevar em 40% a lavoura de trigo da Fazenda Seival, passando de 150 para 210 hectares nesta safra. Além disso, vai plantar 40 hectares com cevada e mais 11 hectares com aveia.
- Espero colher pelo menos 50 sacas por hectare de trigo, já que no ano passado só colhi na média de oito sacas por hectare por causa da geada - projeta, calculando o custo de produção em 30 sacas por hectare.
Perspectivas para outras culturas:
Cevada - 63 mil hectares (+57,5%)
Alta é reflexo do incentivo das produtoras de malte da região de Passo Fundo.
Canola - 30 mil hectares (+4,5%)
Cotação próxima à soja e empresas de biodiesel dão segurança aos produtores.
Centeio - 1,5 mil hectares (estável)
Sem contar com estímulo para avançar, produtores têm um comprador fixo.
Triticale - 5 mil hectares (+6,4%)
Usada prioritariamente na alimentação animal, é uma cultura estabilizada.