Chefes de Estado, ministros e o secretário-geral da ONU chegam nesta terça-feira (29) à cidade colombiana de Cali para se juntar à Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16). O objetivo das autoridade é destravar as complexas negociações sobre um plano para salvar diversidade natural da ação humana.
A COP16, maior reunião de cúpula das Nações Unidas sobre o tema, pretende estabelecer mecanismos para financiar e monitorar o cumprimento das 23 metas de conservação natural fixadas no Canadá há dois anos.
Sob o lema "Paz com a Natureza", os 196 países da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) ainda não alcançaram acordos sobre como financiar os objetivos e compartilhar os lucros das informações genéticas extraídas de plantas e animais com as comunidades de onde procedem.
O tempo é curto
O evento termina na sexta-feira, 1º de novembro, e faltam apenas cinco anos para alcançar as 23 metas estabelecidas na reunião anterior, incluindo declarar 30% dos mares, solos e massas de água doce como áreas protegidas até 2030.
No mundo, apenas 17,6% do território e 8,4% dos oceanos e costas estão protegidos, destacaram na segunda-feira várias organizações ambientais em um relatório com o título "Protected Planet".
"Para atingir as metas, será necessário delimitar uma área terrestre quase do tamanho do Brasil e uma área marinha maior que o Oceano Índico até 2030", enfatizam os autores no documento.
A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) denunciou que mais de um terço das espécies de árvores estão sob risco de extinção no planeta, incluindo variedades cruciais para obtenção de lenha, combustíveis, alimentos e medicamentos. Das 166.061 espécies de plantas e animais avaliadas pela organização, quase 46 mil estão em risco de extinção.
Mais financiamento
A COP16 conta com a presença recorde de 23 mil delegados e 1,2 mil jornalistas, segundo os organizadores. A "Zona Verde", um espaço no centro da terceira maior cidade da Colômbia com atividades culturais e exposições comerciais, virou ponto de encontro de milhares de moradores e ativistas. As negociações, no entanto, acontecem a portas fechadas na chamada "Zona Azul".
— Já alcançamos um primeiro objetivo, que era elevar o perfil político da COP da biodiversidade e colocá-la no mesmo nível das reuniões de cúpula sobre a crise climática — declarou a presidente do evento, Susana Muhamad, ministra do Meio Ambiente da Colômbia.
Ela alertou, no entanto, que o Fundo do Marco Global para a Biodiversidade (GBFF, na sigla em inglês), acordado na COP15, "precisa de mais financiamento".