A chuva registrada em Porto Alegre na quinta-feira (12) foi de “péssima” qualidade por conta da fumaça que encobre o Rio Grande do Sul. É o que indica uma análise preliminar do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A amostra indicou que o pH foi de 6,8, o que caracteriza uma chuva levemente ácida, segundo Louidi Lauer, professor do IPH e um dos responsáveis pelo monitoramento. Sete é o valor do pH neutro e, na escala da acidez, quanto menor, mais ácida é a substância. Portanto, o valor encontrado foi próximo ao esperado.
O que surpreendeu foi a turbidez, um indicador importante da qualidade da água. Resultados altos podem fazer com que metais tóxicos, microrganismos ou patógenos presentes na atmosfera poluída sejam “transportados” para a superfície terrestre durante a chuva.
— A medida da turbidez tem que ser menor do que um se uma pessoa for consumir a água. Observamos em outros trabalhos na região de Porto Alegre valores de um, dois, cinco, sete unidades de turbidez. O valor de 89,9 está muito acima do que o padrão de potabilidade exige — afirma Lauer.
A cor da água teve um resultado de 100,3 mg/L Pt.Co. Uma portaria do Ministério da Saúde (MS) estabelece valor máximo abaixo de 15. Ou seja, o observada na Capital foi seis vezes superior ao limite.
— Desde o início observamos que a água não era potável. Esses valores elevados são um indicativo da péssima qualidade do ar que estava sobre Porto Alegre e da água que chegou à superfície — afirma.
Valores dentro do esperado foram observados na medição de sólidos dissolvidos totais, um conjunto de substâncias orgânicas e inorgânicas presentes no líquido. Foram encontrados 109 mg/L, e o esperado é que fique abaixo de 500 mg/L. Valores altos do índice podem facilitar episódios de corrosão por conta da chuva.
Segundo o pesquisador do IPH, a análise da água continuará na próxima semana, com o objetivo de identificar a presença de metais tóxicos prejudiciais à saúde humana e animal e à flora.