A presença de uma neblina acinzentada no céu voltou a chamar a atenção dos gaúchos nesta sexta-feira (16). O fenômeno foi observado durante tarde pelo Observatório Espacial Heller & Jung, em Taquara, no Vale do Paranhana.
O evento acontece devido a alterações nos padrões de circulação do vento entre o sul do Brasil, o Paraguai e o norte da Argentina. Com a mudança no fluxo, as partículas de fumaça de focos de incêndios nestes locais são direcionadas para a região sul do país, formando um "véu acinzentado" que obscureceu o céu de várias cidades do Estado.
Na quinta-feira (15), a densa camada de fumaça já havia sido notada em Porto Alegre, onde a visibilidade foi reduzida mesmo em um dia de céu aberto. Imagens de satélite capturaram a extensão da nuvem de fumaça sobre o território gaúcho.
Fenômeno ficará menos visível
Segundo a meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, o fenômeno deve ser visto, pelo menos, até o final de semana, quando será menos visível em razão da chuva.
— A situação não vai mudar hoje (sexta-feira). A fumaça continua presente, mesmo com o aumento de nebulosidade. No fim de semana, a chuva prevista para o centro-sul e o litoral sul do Estado deve aliviar a concentração de partículas no ar — explica Josélia.
A instabilidade, porém, não deve afastar a fumaça. Segundo Josélia, a circulação do vento em torno de 1.500 metros de altitude vai continuar na direção norte para sul, o que facilita a vinda dessas partículas para o RS.
— Isso significa que essa fumaça vai continuar em direção para o RS e o sul do Brasil. É um fluxo enorme que também vem do norte do país — completa.
Os incêndios emitem uma alta concentração de monóxido de carbono (CO). Esses poluentes intensificam o aquecimento global, tornando as florestas mais secas e propensas a novos incêndios, como um ciclo de retroalimentação.
O fenômeno não é inédito. Em 2020, o Rio Grande do Sul foi um dos Estados mais afetados pela fumaça das queimadas no Pantanal. Já em 2022, áreas do noroeste e norte do Estado enfrentaram uma situação semelhante, causada pelos incêndios provocados pelo desmatamento da floresta amazônica.
*Produção: Murilo Rodrigues