Pesquisadores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro descobriram uma nova espécie de árvore frutífera na Mata Atlântica. Com uma altura de sete metros, a árvore, apesar de ser inédita, é uma parente distante da jabuticabeira.
A descoberta ocorreu após um levantamento da família Myrtaceae e outras frutíferas da Mata Atlântica e parte da Amazônia, como a pitanga, jabuticaba, goiaba, araçá, gabiroba e jamelão, realizado pelos pesquisadores em remanescentes florestais. Muitas das espécies conhecidas atualmente foram catalogadas por naturalistas ingleses no século 19 durante suas visitas ao Brasil.
De acordo com um dos pesquisadores, em entrevista ao O Globo, essas espécies são exclusivas do Brasil devido às suas condições ambientais específicas. A árvore descoberta é considerada rara, pois existe apenas um único exemplar conhecido. No passado, essas árvores eram mais comuns e amplamente distribuídas, mas, atualmente, sem o habitat natural, são mais difíceis de encontrar.
Único exemplar
A nova espécie recebeu o nome científico Siphoneugena carolynae, em homenagem à pesquisadora Carolyn E. B. Proença, da Universidade de Brasília, reconhecida por suas contribuições significativas para a taxonomia e biologia reprodutiva da família Myrtaceae.
As expedições de campo ocorreram entre 2018 e 2023, no Morro Itaocaia, em Maricá, e a espécie foi monitorada periodicamente ao longo das fases de desenvolvimento reprodutivo. O estudo, conduzido por Thiago Fernandes e João Marcelo Braga, revelou que a árvore frutífera é a 13ª espécie conhecida do gênero e possui apenas um único exemplar, localizado no interior do Monumento Natural Municipal Pedra de Itaocaia (MONA), unidade de conservação municipal, em Maricá, localizada nas proximidades do Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET).
O resultado da pesquisa foi publicado na revista científica Brittonia, uma das mais prestigiadas do Jardim Botânico de Nova York. Para os pesquisadores, a descoberta representa um avanço significativo no conhecimento da flora da Mata Atlântica, que ainda guarda muitas espécies desconhecidas pela ciência.