- Com rajadas de vento de quase 270 km/h, fenômeno causou destruição no Caribe
- Para coletar dados, aeronave passou pelo olho do furacão
- Tempestades desta intensidade são raras nesta época do ano no Atlântico
A passagem do furacão Beryl pelo Caribe causou ao menos nove mortes até o momento. O fenômeno, avança sobre a Jamaica nesta quarta-feira (3), quando foi rebaixado para a categoria 4.
Beryl chegou a atingir a categoria 5 – mais alto índice de intensidade na escala do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos – no dia 1º, tornando-se o primeiro furacão deste nível a ser registrado na região caribenha durante um mês de julho. As rajadas de vento no Caribe quase alcançaram os 270 km/h quando o furacão atingiu a categoria mais alta.
Primeiro-ministro de São Vicente e Granadinhas, Ralph Gonçalves revelou que aproximadamente 90% das casas da Ilha de União, localidade que integra o arquipélago, foram destruídas durante a passagem do furacão na região, conforme o g1.
O fenômeno perdeu um pouco da intensidade e foi rebaixado para a categoria 4 ao chegar na costa da Jamaica por volta das 18h desta quarta-feira. Mesmo assim, o mais recente boletim do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos indica que as rajadas de vento do Beryl ainda ultrapassam os 220 km/h.
O primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, decretou um toque de recolher na ilha, que vale das 6h às 18h, e "implorou" para que as ordens de evacuação sejam respeitadas.
— Se você vive em uma área baixa, historicamente propensa a inundações e deslizamentos de terra, ou se mora perto de um rio, eu imploro que evacue para um abrigo ou um local mais seguro — disse ele em um vídeo publicado nas redes sociais.
A temporada de furacões no Caribe e nos Estados Unidos habitualmente ocorre entre julho e setembro, com fenômenos menos intensos no primeiro mês. Especialistas projetam que o Beryl deve avançar sobre as Ilhas Cayman e próximo da península mexicana de Yucután entre a noite desta quarta e a madrugada de quinta-feira (4). Eles salientaram que tempestades desta intensidade são raras nesta época do ano no Atlântico.
Das nove mortes confirmadas até o momento, três ocorreram em Granada. O primeiro-ministro, Dickon Mitchell, afirmou que a ilha de Carriacou ficou quase isolada, com casas, telecomunicações e instalações de combustível devastadas após a passagem do furacão. Outras três mortes foram confirmadas em São Vicente e Granadinhas e mais três na Venezuela, onde quatro pessoas ainda seguem desaparecidas conforme o presidente Nicolás Maduro.
— Não tivemos quase nenhuma comunicação com Carriacou nas últimas 12 horas, exceto brevemente esta manhã por telefone via satélite — Mitchell disse em coletiva de imprensa.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou nesta quarta-feira que o furacão Beryl poderia colocar em perigo pelo menos 3 milhões de crianças e adolescentes no Caribe, danificando espaços seguros para eles, incluindo suas casas e escolas. O responsável da ONU para o clima, Simon Stiell, que tem família na ilha de Carriacou, afirmou que a mudança climática está "levando as catástrofes a níveis de destruição sem precedentes":
— Os desastres em uma escala que costumavam ser de ficção científica estão se tornando eventos meteorológicos reais, e a crise climática é a principal culpada.