O furacão Beryl enfraqueceu levemente, nesta terça-feira (2), sendo reduzido à categoria 4, a segunda mais alta. O fenômeno se dirige à Jamaica, onde as previsões alertam para ventos potencialmente mortais e tempestades após a tormenta provocar pelo menos sete mortes no Caribe e destruição generalizada no sudeste da região.
Segundo autoridades, o furacão deixou ao menos três mortos em Granada, um em São Vicente e Granadinas e três na Venezuela. O Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos declarou que esperava que Beryl se debilitasse ao chegar, na quarta-feira (3), à costa da Jamaica, mas advertiu que atingirá a ilha como uma tempestade "quase maior" com ventos potencialmente mortais, ondas ciclônicas, chuvas e inundações repentinas.
Segundo o NHC, há um aviso de furacão para a Jamaica, que se prepara com abrigos de emergência na cidade de Montego Bay e instalações seguras na capital Kingston, segundo o jornal Jamaica Gleaner. "Peço a todos os jamaicanos que se abasteçam de alimentos, baterias, velas e água. Protejam seus documentos importantes e retirem qualquer árvore ou elemento que possa colocar em perigo sua propriedade", disse o primeiro-ministro Andrew Holness na rede social X (antigo Twitter).
O NHC também previu ondas nas costas sul de Porto Rico e da região de La Española, onde estão a República Dominicana e o Haiti.
Por onde já passou
Em outras regiões do Caribe, o dano já estava feito. Após perder um pouco de intensidade no fim de semana, Beryl voltou a se fortalecer na segunda-feira (1º), alcançando a máxima categoria na escala de Saffir-Simpson ao chegar à ilha de Carriacou, em Granada, onde há 9 mil habitantes.
— Em meia hora, Carriacou foi devastada — declarou o primeiro-ministro de Granada, Dickon Mitchell.
Sob estado de emergência, Carriacou teve as telecomunicações e a eletricidade cortadas, com casas e postos de abastecimento arrasados. Duas pessoas morreram na região e uma terceira morreu na ilha principal de Granada, ao cair uma árvore sobre uma casa.
Na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro fez um balanço dos danos de Beryl na costa nordeste do país:
— A esta hora, está confirmado o falecimento de três pessoas, dois homens e uma mulher (...). Há quatro pessoas desaparecidas, dois homens, duas mulheres. Há trabalhos de busca.
Ele informou, ainda, que 80 famílias em abrigos e cerca de 1,8 mil casas foram afetadas.
São Vicente e Granadinas também sofreu "ventos catastróficos e ondas ciclônicas potencialmente mortais", deixando destroços, desolação e pelo menos um morto, segundo o primeiro-ministro, Ralph Gonsalves, que esclareceu que "poderia haver mais vítimas".
Na República Dominicana, enormes ondas se chocaram contra a costa ao longo da capital, Santo Domingo, pela passagem da tormenta ao sul do país, relataram fotógrafos da agência de notícias AFP.
Uma reunião do bloco regional caribenho Caricom, prevista para esta semana em Granada, foi adiada.
O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos pediu que as Ilhas Cayman e várias zonas da península de Iucatã e do Golfo do México tomem medidas extremas diante do avanço de Beryl.
Barbados, a mais oriental das Ilhas de Barlavento, salvou-se do pior e registra apenas fortes ventos e chuvas torrenciais. Casas inundaram e barcos de pesca foram danificados na capital, Bridgetown, mas não houve feridos.
Já na ilha francesa de Martinica, há alerta de tempestade tropical e em torno de 10 mil casas ficaram sem eletricidade em diferentes áreas.
Considerado incomum
Beryl é o primeiro furacão da temporada 2024 no Atlântico, que vai do início de junho até o final de novembro. Especialistas afirmam que é incomum um ciclone tão potente se formar tão cedo na temporada.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos já havia adiantado que ocorreria uma temporada "extraordinária" de furacões neste ano, com a possibilidade de quatro a sete episódios de categoria 3 ou superior. Segundo a entidade, as temperaturas quentes do oceano são elemento-chave para formação de furacões, e as águas do Atlântico Norte estão atualmente mais quentes do que o normal.
— Está claro que a crise climática está levando os desastres naturais a novos níveis recorde de destruição — declarou o secretário-executivo do fundo da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Mudança Climática (UNFCC), Simon Stiell.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, expressou sua preocupação pela região e, por meio de uma mensagem no X, disse que a entidade "está pronta para apoiar as autoridades nacionais em qualquer necessidade sanitária".