Em plena onda de calor, a manhã deste sábado de Carnaval (10) foi de ruas e parques vazios em Porto Alegre. Além do feriadão, quando boa parte da população vai às praias, a temperatura máxima prevista de 36ºC pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e a sensação de abafamento também contribuíram para a pouca circulação de pessoas na Capital dos gaúchos.
Kelli Konflanz não teve opção de fugir do calorão. Farmacêutica hospitalar, ela terá plantão no domingo de Carnaval (11). Por isso, decidiu passear com Estephanie, sua cadela, neste sábado no Parque Farroupilha, a Redenção.
— É o lugar onde eu venho para me refrescar, porque aqui tem árvores. E a Estephanie também. Ela até entra no espelho d'água — ri Kelli.
E, apesar de ser "mais do verão", como se classifica, a moradora do bairro Bom Fim, na Capital, relata que nos últimos dias tem sido difícil aguentar as altas temperaturas:
— Não gosto do calor desse jeito. Amanhã é para chegar a quase 40ºC. Aí, fica inviável.
No caso da família de Fabricio Ohlweiler, bancário do Banrisul, foi uma questão de escolha ficar em Porto Alegre neste final de semana de Carnaval.
— Esse ano a gente acabou se programando para ficar por aqui, aproveitar um pouco os parques e a piscina do condomínio — explicou Fabricio.
E o escolhido deste sábado de manhã foi o Parque Marinha do Brasil, para onde ele e a sua esposa, Fernanda Lerner Pinto, trouxeram os dois filhos, Rafael e Lucas.
— A gente costuma passear por aqui nos finais de semana, vem de bike — acrescenta o bancário, que aproveitou o parquinho infantil com a família.
Apesar de também curtir o calor, Fabrício e Fernanda concordam com Kelli:
— A gente curte, mas não precisava tanto.
Já para o casal Marcos Pereira e Mara Rubia, de Gravataí, que caminhavam na Orla do Guaíba na manhã deste sábado, a decisão de ficar na cidade foi para fugir do engarrafamento.
— A gente sempre vai para a praia. Mas ficamos com um certo trauma na virada do ano. Voltando de Santa Catarina, já no Rio Grande do Sul, trancou tudo (as vias). Se não tivesse esse problema, adoraríamos estar na praia — revela o motorista.
A saída do casal para também curtir o caranval tem sido visitar sítios com piscina na altura de Gravataí e caminhar na orla.
— A gente seguido vem passear por aqui. O Marcos gosta mais de caminhar e, eu, para falar a verdade, gosto mais de sentir a brisa do Guaíba. Aí a gente combina, um pouco lá e um pouco aqui — explica Mara, que é professora.
E sobre a estação mais quente do ano, o casal tem opiniões diferentes.
— Eu sou do inverno, adoro frio, comer bergamota, tomar um vinho, como uma boa gaúcha — brinca a professora.
— Eu pelo contrário, deveria ter nascido no Nordeste — se diverte Marcos.
Abafamento
A temperatura máxima prevista neste sábado está acima da média climatológica de fevereiro registrada pelo Inmet, que costuma girar em torno dos 30.2ºC. O motivo é a onda de calor vinda da Argentina, que tem influenciado o clima no Rio Grande do Sul nos últimos dias.
— Mas a questão maior nem é tanto a temperatura, que não foi extrema. É o abafamento. A umidade acentua a sensação de desconforto. Temperatura e umidade altas são características do El Niño, que ainda está presente no Estado — acrescenta o meteorologista Marcelo Schneider, coordenador do Distrito de Meteorologia de Porto Alegre do Inmet.
No entanto, Porto Alegre ainda não atingiu a temperatura máxima prevista neste final de semana de Carnaval. Será neste domingo (11), quando a estimativa é de que a Capital quebre o recorde anual de calor e se aproxime dos 40°C. O atual recorde de temperatura de Porto Alegre é 36,5°C, registrado em 14 de janeiro deste ano.
Outro fator que Schneider chama a atenção é para as madrugadas pelo menos até segunda-feira (12), que serão "muito quentes". De segunda a terça-feira (13), os dias deverão ser mais amenos, com possibilidade de pancadas de chuva durante a tarde e à noite. É quando está prevista a chegada de uma frente fria do Sul.