A tempestade que assustou os porto-alegrenses na noite terça-feira (16) foi resultado de uma violenta combinação de sistemas meteorológicos. Cada vez mais frequente no Rio Grande do Sul, o encontro de uma zona de baixa pressão com uma massa de ar frio espalhou a chuvarada pela Capital, envolta por rajadas de vento perto de 100 quilômetros por hora.
Segundo a Climatempo, o forte calorão dos últimos dias favoreceu a subida de ar para formação de nuvens de chuva, criando uma área de baixa pressão originada na Argentina e no Paraguai. Essa baixa pressão ingressou no Estado pelo sul, em municípios como Santana do Livramento, Dom Pedrito e Pinheiro Machado. Por outro lado, uma frente fria vindo do oeste, na faixa entre Uruguaiana e Bagé, fez o ar quente subir ainda mais, gerando nuvens de grande desenvolvimento vertical envolvidas por fortes correntes de descida.
— A gente já tinha instabilidade na Argentina e Paraguai, com chuvas decorrentes da baixa pressão nos dois países. Isso se potencializou com a frente fria. A diferença de temperatura gerou diferença de pressão, aumentando os ventos. Foi um choque de massas de ar — afirma Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo.
A instabilidade foi entrando com força na Região Metropolitana e ganhando tamanho ao longo do dia. Por volta das 22h de terça-feira, desabou sobre a Capital com 60mm de chuva e ventos que alcançaram 89 quilômetros por hora no Aeroporto Salgado Filho e no Jardim Botânico.
A intensidade da tempestade derrubou postes, árvores, cabos e placas. Quando os moradores saíram às ruas sob a luz do dia, na manhã desta quarta-feira (17), parecia que um tufão havia passado pela Capital.
— Para o padrão de verão, esse foi um evento além do que se espera. Realmente pode ter sido pela influência do El Niño, que costumar ter chuva volumosa em pouco tempo e temporais mais severos. Somado a esses outros fatores, deve ter sido isso que intensificou ainda mais as instabilidades — pontua Vanessa Gehm, meteorologista da Sala de Situação do Estado.
Segundo Borges, tornados e microexplosões são eventos extremos que estão se repetindo com cada vez frequência. A Sala de Situação do RS está avaliando a possibilidade de ter ocorrido uma microexplosão, especialmente na Região Metropolitana. Esse fenômeno é caracterizado por quando uma nuvem com grande acúmulo de água chega ao limite da capacidade e a água cai toda de uma vez, atingindo uma pequena área da superfície em linha reta. O Estado não identificou registros de tornados.
Conforme o meteorologista da Climatempo, a frente fria já está se deslocando para o centro do Oceano Atlântico, mas a zona de baixa pressão segue atuando no Estado. Dessa forma, deve seguir chovendo pelo menos até quinta-feira (18), com a instabilidade se deslocando do centro para o norte do Rio Grande do Sul, passando para Santa Catarina e o Paraná.
Colaborou Yasmim Girardi
Maiores rajadas de vento no Estado nas últimas 32 horas:
- Canela: 103 km/h
- Cruz Alta: 91 km/h
- Porto Alegre: 89 km/h
- Lagoa Vermelha: 86 km/h
- São Vicente Do Sul: 84 km/h
- Canguçu: 84 km/h
- Santa Maria: 84 km/h
- Dom Pedrito: 80 km/h
- Torres: 80 km/h
- Caçapava Do Sul: 79 km/h
- Rio Pardo: 76 km/h
- São Gabriel: 76 km/h
- Santa Vitória Do Palmar: Barra Do Chuí: 75 km/h
- São Luiz Gonzaga: 70 km/h
- Soledade: 69 km/h
- Santana Do Livramento: 69 km/h
- Tupanciretã: 69 km/h
- Bento Gonçalves: 68 km/h
- São Borja: 67 km/h
- Bagé: 66 km/h
- Camaquã: 66 km/h
- Canoas (Base Aérea): 107 km/h
- Porto Alegre (Aeroporto): 89 km/h
- Uruguaiana (Aeroporto): 69 km/h
- Santa Maria (Base aérea): 65 km/h
Maiores acumulados de chuva registrados nas últimas 24 horas:
Cemaden:
- Entre-Ijuís: 101,8 mm
- Ijuí: 101,4 mm
- Itaqui: 94,6 mm
- Canoas: 83,2 mm
- Encruzilhada Do Sul: 81,2 mm
- Santa Rosa: 80,8 mm
- Eldorado Do Sul: 79,92 mm
- Porto Alegre: 75,73 mm
- Dom Pedrito: 74 mm
- Viamão: 68 mm
- Gravataí: 67,8 mm
- Candelária: 65,8 mm
- Bom Princípio: 65,2 mm
- Campo Bom: 63,95 mm
- Rosário Do Sul: 63,2 mm
- São Borja: 61,8 mm
- Santa Maria: 60,8 mm
Inmet
- Dom Pedrito: 86,2 mm
- Santiago: 78,2 mm
- Santana Do Livramento: 74,2 mm
- São Luiz Gonzaga: 67,8 mm
- São Gabriel: 65,8 mm
- Encruzilhada Do Sul: 58,8 mm
- Torres: 57,8 mm
- São Vicente Do Sul: 56,8 mm