A obra de alargamento da faixa de areia da Praia Central, em Balneário Camboriú, chamou a atenção do Brasil em 2021. Apesar disso, há pelo menos outras 23 praias espalhadas pelo país com projetos semelhantes, sendo uma delas a praia dos Ingleses, em Florianópolis. Destes, 14 foram executados entre 2018 e 2023, com instalação de 24,5 milhões de metros cúbicos de sedimentos — o que equivalente a 12 vezes o volume do estádio Maracanã. Gastos chegam a R$ 1,8 bilhão. As informações são de um levantamento da Folha de São Paulo.
Além de disponibilizar mais espaço aos veranistas, o alargamento das faixas de areia também tem como objetivo diminuir a erosão costeira. No entanto, especialistas alertam que as obras têm um alto custo e podem gerar problemas futuros na região litorânea do país.
Apesar da discussão recente, a técnica é antiga no Brasil. Na década de 1970, a Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, passou pelo alargamento da faixa de areia. Balneário Piçarras, em Santa Catarina, executou seu primeiro projeto em 1998 e Balneário Camboriú realizou um plebiscito em 2001 para realizar a obra em 2021.
Entre 2018 e 2023, Santa Catarina foi o Estado que mais realizou obras do gênero, com quatro projetos. No panorama geral, foram 14 alargamentos executados em todo o país no período. Confira abaixo:
- Caucacia, no Ceará
- Fortaleza, no Ceará
- Cabo de Santo Agostinho, no Pernambuco
- Maceió, em Alagoas
- Itaparica, na Bahia
- Itapemirim, no Espírito Santo
- Guarapari, no Espírito Santo
- Cabo Frio, no Rio de Janeiro
- Matinhos, no Paraná
- Praia das Canasvieiras, em Santa Catarina
- Praia dos Ingleses, em Santa Catarina
- Balneário Piçarras, em Santa Catarina
- Balneário Camboriú, em Santa Catarina
Mais projetos
Neste sentido, outros 10 projetos de alargamento de faixas de areias estão previstos no litoral brasileiro para os próximos anos. Com investimento de R$ 480 milhões, o município de Itapoá, em Santa Catarina, deve executar o maior projeto do país, com uso de 12 milhões de metros cúbicos de sedimentos.
Ainda estão previstas obras de alargamento de faixa de areia em Navegantes, Barra Velha e na praia de Jurerê, em Santa Catarina, Guaratuba, no Paraná, Ilha Bela, em São Paulo, na Praia do Iate, no Espírito Santo, em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, em João Pessoa, na Paraíba, e em Natal, no Rio Grande do Norte.
Para Dieter Muehe, coordenador do livro Panorama da erosão costeira no Brasil — que apontou cerca de 60% do país enfrenta o problema —, o alargamento das faixas de areia não é a melhor saída.
— A longo prazo tudo vai por água abaixo. Não tem muito como segurar. Mas enquanto isso as pessoas vão segurando. Uma proteção talvez dê uma garantia de 30, 40 anos. Depois, vamos ver como fica.
Conforme os especialistas, a areia não consegue evitar o avanço do mar em caso de elevação significativa decorrente dos efeitos do aquecimento global.