Após se comprometer em reduzir em 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2030 e zerar até 2050, a prefeitura de Porto Alegre, em parceria com o Banco Mundial, desenvolve um Plano de Ação Climática (Plac), que teve uma etapa realizada nesta terça-feira (31). Em workshop online aberto ao público, foram divulgados os resultados de um estudo sobre o riscos e vulnerabilidade climática da capital gaúcha.
Quatro bairros apresentaram classificações mais altas para os riscos avaliados: Bom Jesus, Vila João Pessoa, Aparício Borges e São José.
No evento, promovido pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), foram apresentadas seis ameaças climáticas para Porto Alegre: inundação fluvial, tempestades, deslizamentos/erosão, ondas de calor, secas meteorológicas e vetores de arboviroses.
O estudo destacou a diferença entre inundação fluvial (acúmulo de água em áreas que não estão normalmente submersas) e alagamentos (acúmulo temporário de água). Neste sentido, os arroios Dilúvio, Cavalhada, Areia, Santo Agostinho, Passo das Pedras e Feijó mereceram atenção da análise, a partir de critérios de vulnerabilidade estabelecidos.
Em análise regionalizada, de acordo com as áreas determinadas pelo Plano Diretor, as regiões 4 (Leste e Nordeste) e 7 (Lomba do Pinheiro e Partenon) apresentam maior intensidade de riscos para deslizamentos, ondas de calor e tempestades – os dois últimos quesitos incluem, ainda, o Centro entre os locais mais preocupantes.
Também foi apresentada a análise da pegada hídrica, que demonstra como a água da cidade é utilizada, ao estabelecer um indicador de uso e poluição dos recursos hídricos da cidade. O índice do grau de poluição da água em Porto Alegre ocorre em maior parte devido aos efluentes não tratados, cerca de 40% do total gerado.
Longo prazo
O Plac pretende identificar e estabelecer medidas concretas de redução de emissões de gases de efeito estufa, de mitigação e de adaptação (social, econômica, ambiental e territorial). Para isso, foi contratada uma consultoria técnica formada pela empresa WayCarbon, em consórcio com o Iclei América do Sul, Ludovino Lopes Advogados e Ecofinance Negócios.
Melina Amoni, gerente de Riscos Climáticos e Adaptações da Way Carbon, explica que a consultoria já apoiou o poder público na elaboração de planos de ação climática em cerca de 30 cidades.
— Os planos são instrumentos de planejamento estratégico a longo prazo, o que torna o engajamento da sociedade fundamental — afirmou.
O processo de desenvolvimento do documento é de 17 meses. Em Porto Alegre, o primeiro passo foi a elaboração do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa. O documento identificou que 67,7% das emissões advinham do transporte, 23% das fontes estacionárias e 8,8% dos resíduos.