O El Niño durará até ano que vem, indicou a Organização Meteorológica Mundial (OMM), da Organização das Nações Unidas (ONU). O documento, publicado esta quarta-feira (8), afirma que a probabilidade do fenômeno durar até abril é de 90%. No Rio Grande do Sul, isso deve significar chuva acima da média e temperatura elevada pelo restante da primavera e também todo o verão.
Para confirmar oficialmente a estimativa de atuação do El Niño, é preciso analisar uma série de fatores por alguns meses, explica Douglas Lindemann, meteorologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Esse prazo acabou em outubro, garantindo a influência do fenômeno no Estado. Os gaúchos, porém, estão sofrendo os impactos do evento climático desde setembro.
Com a previsão de duração até abril de 2024, o Rio Grande do Sul deve continuar sentindo esses efeitos. Segundo Lindemann, o resto da primavera e o todo o período de verão, que inicia em 22 de dezembro, serão marcados por chuva acima da média, algo que já ocorreu na maioria das regiões do Estado nos últimos dois meses.
— Provavelmente vamos ter um super El Niño. O último desses se formou em 2015 e atingiu o ápice em 2016, então o mesmo deve acontecer agora. Está atingindo o ápice e deve continuar até o ano que vem. Portanto, é possível afirmar que teremos chuva acima da média. Mas é importante ressaltar que o El Niño não é o único responsável por isso. Tem uma série de outros fatores e o fenômeno só potencializa esse processo — afirma o meteorologista.
Outro efeito do El Niño é a elevação na temperatura. No verão do Hemisfério Norte, entre julho e setembro deste ano, não foram poucos os registros de ondas de calor, comumente associadas ao fenômeno. Alguns países da África, da Europa e da América do Norte chegaram a registrar máximas que se aproximavam dos 50°C.
— Esses eventos não podem ser previstos com tanta antecedência. Mas pela intensificação dos extremos climáticos que estamos observando nos últimos anos, é possível que ocorram ondas de calor intenso no verão gaúcho — acrescenta Eliana Klering, professora e meteorologista da UFPel.
Lindemann pontua, porém, que com o excesso de chuva e nebulosidade, as máximas não deverão ser tão altas quanto as registradas em outros países.
No documento emitido pela OMM, os especialistas afirmam que “com base nos padrões observados em episódios anteriores e nas previsões atuais de longo prazo, espera-se que o episódio perca gradualmente força durante a próxima primavera no Hemisfério Norte”. Da mesma forma que o fenômeno se formou e foi se intensificando ao longo dos meses, sua despedida também deve se dar aos poucos.
— São estabelecidos índices para a formação do El Niño. Quando a temperatura do oceano está meio grau acima do normal, acende-se um alerta. Se o aquecimento se mantém por quatro ou cinco meses consecutivos, o fenômeno é confirmado. A projeção é que continue aquecendo, podendo ser bem forte. Deve chegar ao ápice entre dezembro e fevereiro, e depois começa reduzir gradativamente — explica Lindemann.
Em abril, mês previsto para o fim do fenômeno, a temperatura dos oceanos deve estar próxima do índice inicial de formação do El Niño. Nos meses seguintes, a situação deve ser de neutralidade. Ao contrário do La Niña, que costuma ser longo, o El Niño tende a durar entre nove meses e um ano.
*Produção: Yasmim Girardi