Após o Oceano Pacífico registrar um aumento considerativo de temperatura, é possível afirmar que um forte El Niño está em atuação. Segundo o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Marcelo Schneider, a temperatura chegou a 2.1°C acima do normal, considerada a maior desde 2015.
— No principal indicador do El Niño, que é lá no centro do Oceano Pacífico, acabou de ficar com uma temperatura de 2.1° acima do normal. Ou seja, ele rompeu aquele patamar de El Niño de intensidade muito forte, apelidado de super El Niño — acrescentou Marcelo, em entrevista à Rádio Gaúcha nesta segunda-feira (27). Os dados são atualizados na primeira quinta-feira de todo mês pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa), que separa as informações referentes a trimestres.
A temperatura do oceano é fundamental para entender o perfil do El Niño. De acordo com o meteorologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Douglas Lindemann, são estabelecidos índices para a formação do fenômeno. Quando a temperatura do oceano está 0,5° acima do normal, os especialistas ficam em alerta. Para o El Niño ser confirmado, é necessário que o aquecimento permaneça por quatro ou cinco meses consecutivos.
Por mais que os efeitos do El Niño estejam sendo vistos em todo Brasil há alguns meses, o evento só foi oficialmente confirmado em outubro, após o término desse prazo de análise. Agora, com a temperatura mais alta do Oceano Pacífico nos últimos oito anos, a tendência é que a influência continue sendo percebida.
Segundo Schneider, o fenômeno vai continuar causando calor e abafamento na parte central do Brasil, mas não é o único fator. As características típicas da estação e outros eventos climatológicos se somam ao El Niño para provocar um verão quente em todo o Brasil, e chuvoso na Região Sul.
— As chuvas começar a ficar mais intercaladas, mais espaçadas. Não deve ter esse padrão que temos agora, de chuva muito estacionada — afirmou. Já quanto à temperatura, a previsão de Schneider é que o calor venha para ficar em janeiro e fevereiro. Até lá, o clima deve alternar entre dias quentes e abafados e períodos chuvosos, de temperatura amena com certo friozinho.
Ouça a entrevista completa com Marcelo Schneider no Gaúcha Atualidade: