Um brasileiro enfrentou de perto a passagem do furacão Otis, que causou grande destruição no balneário de Acapulco, no sudoeste do México, na noite de terça-feira (24). O engenheiro de minas Giovanni Henrique Ferreira dos Santos, estava na cidade a trabalho, participando de uma feira de mineração que começou na última segunda e se estenderia até esta sexta-feira.
Em entrevista ao programa Gaúcha+, da Rádio Gaúcha, na tarde desta quinta, ele contou que não houve qualquer preparação para o que o furacão seria. De acordo com o governo mexicano, pelo menos 27 pessoas morreram no porto de Acapulco. O furacão Otis atingiu a categoria 5, a mais elevada na escala Saffir-Simpson.
— Toda a notícia que nós tínhamos ao longo do dia é que se formava uma tempestade tropical muito forte, que chegaria à costa em forma de tormenta. Falavam sobre uma categoria 1 e 2. Então, toda a expectativa girava em torno de ser somente uma tempestade muito forte e com muito vento. Não houve qualquer preparo — contou Giovanni.
Conforme o relato, o brasileiro se deu conta do tamanho da situação na saída do evento em que estava, na terça-feira à noite, quando tentava pedir um taxi para voltar ao hotel em que estava hospedado. Os motoristas informavam que não estavam mais trabalhando, esclareceu. Quando chegou em casa, por volta das 23h, percebeu que a situação tinha se agravado mais.
— Eu via, pela janela, palmeiras gigantescas balançando. A sensação era que, em questão de tempo, a energia ia cair e a comunicação falhar. Tentei avisar meus familiares, minha namorada e foi o que deu para fazer — lembrou.
Na manhã do dia seguinte, a visão que Giovanni teve da janela do apartamento foi de uma cidade destruída e ilhada.
— O condomínio, que era um lugar maravilhoso, estava completamente destruído. Eu vi varandas e vidros quebrados por todos os lados. Portas, esquadrilha de alumínio dentro de piscina no jardim. Tinha mesa que claramente saiu do apartamento e estava na área externa — descreveu Giovanni.
Quando tentou sair do seu apartamento, o brasileiro se deparou com uma das paredes de outro apartamento caída sobre a escada que dava acesso à saída. Ele precisou engatinhar por baixo dos escombros para conseguir sair.
Nesta quinta, Giovanni, que é natural de Belo Horizonte (MG), estava retornando ao Canadá, onde mora há cinco anos. Ele conseguiu trocar a passagem área e antecipar a volta para casa.
Durante a entrevista, o mineiro aproveitou para tranquilizar compatriotas e afirmou que, apesar de ainda existirem dificuldades de comunicação, a esperança é de que as coisas fiquem mais fáceis nas próximas horas.
— É questão de tempo. Hoje, com as estradas liberadas, o pessoal provavelmente vai ir para a Cidade do México e vai estar se comunicando com os familiares. Dentro do possível, fiquem tranquilos — finalizou.