Um grupo de cientistas confirmou a existência de microplásticos nas nuvens e que provavelmente podem afetar o clima, embora não se saiba como. Em um estudo publicado no Environmental Chemistry Letters, cientistas japoneses escalaram o Monte Fuji e o Monte Oyama para coletar água da neblina que envolve os cumes das montanhas. Em seguida, analisaram as amostras para determinar suas propriedades físicas e químicas.
A equipe identificou nove tipos de polímeros e um de borracha em microplásticos transportados pelo ar, cujo tamanho oscilava entre 7,1 e 94,6 micrômetros. Cada litro d'água de nuvem continha entre 6,7 e 13,9 partículas de plástico.
Foram abundantes os polímeros "hidrófilos", o que sugere que estas partículas desempenham um papel importante na rápida formação das nuvens e, portanto, nos sistemas climáticos.
"Se o tema da 'contaminação do ar por plástico' não for abordado de forma proativa, a mudança climática e os riscos ecológicos podem se tornar realidade, causando danos ambientais irreversíveis e graves no futuro", alertou, nesta quarta-feira (27), o autor principal do estudo, Hiroshi Okochi, da Universidade de Waseda, em um comunicado.
Quando os microplásticos chegam à camada superior da atmosfera e se expõem aos raios ultravioleta do sol, se degradam, contribuindo para a geração de gases de efeito estufa, acrescentou Okochi.
O que são microplásticos?
Os microplásticos são partículas de plástico com menos de 5 milímetros. São provenientes das emissões industriais, de têxteis, pneus sintéticos e produtos de cuidados pessoais, entre outros. Já foram encontrados dentro de peixes nas profundezas dos oceanos, no gelo marinho do Ártico e na neve das montanhas dos Pirineus, entre a França e a Espanha.
Mas ainda não se sabe como o transporte destas partículas funciona. "Até onde sabemos, este é o primeiro relatório sobre microplásticos em suspensão na água das nuvens", escreveram os autores do estudo em um artigo.
Pesquisas têm demonstrado que os microplásticos afetam a saúde, por exemplo, a do coração, a dos pulmões, além de causar danos ambientais.
* AFP