O veleiro Kamak navega entre os icebergs do fiorde Scoresby, na Groenlândia. Na embarcação, uma equipe de cientistas irá estudar um ecossistema em risco. A estação de pesquisa Summit Camp registrou o mês de julho mais quente no manto de gelo da Groenlândia, aumentando a urgência do trabalho dos pesquisadores desta expedição, que busca conhecer os efeitos do aquecimento global nos fiordes.
— O risco é o desaparecimento de um ecossistema inteiro — explica Eric Marechal, um dos cientistas da empreitada, diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS, na sigla em francês) e especialista em microalgas presentes na neve e no gelo.
Bloqueado por 11 meses por conta das geleiras, o fiorde Scoresby – o maior grupo de fiordes do mundo – ainda guarda muitos mistérios. Além do risco de colidirem com icebergs, que em alguns locais representam até metade da superfície, a missão científica também está preparada para lidar com a eventual presença de ursos polares.
— O aquecimento global está entrando em uma fase intensa aqui. Temos que documentá-lo — ressaltou o líder da expedição, Vincent Hilaire, presidente da associação Groenlândia, que organizou a missão.
Os cientistas centralizaram seus esforços em recolher amostras de neve e de microrganismos marinhos, sobretudo porque em meados de setembro, o acesso ao fiorde voltará a ficar bloqueado.
— O fator tempo está nos pressionando. Além disso, os mapas (do gelo) que temos não são confiáveis. Existe uma grande lacuna entre os mapas e a realidade, então nos atrapalhamos com a profundidade. Logo, tudo se resume a 'descobrir e adaptar'— ressalta o capitão do veleiro, David Delample.
— A próxima geração de cientistas vai ver um derretimento massivo na Groenlândia. Temos que dar-lhes todas as amostras possíveis — resume Hilaire.
* AFP