Dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), mantido pela União Europeia, apontam que julho deve ser o mês mais quente da história. O recorde é resultado de ondas de calor frequentes em diversos países da Ásia, Europa, África e América do Norte. As altas temperaturas também aumentaram os registros de secas e incêndios florestais pelo mundo.
Como forma de compartilhar o impacto desses eventos, o observatório Copernicus divulgou 10 imagens, capturadas pelo radar do satélite Copernicus Sentinel-1A, que ilustram o resultado dessas ondas de calor em diferentes países. (veja galeria)
O mês de julho começou com o recorde diário da temperatura média global sendo quebrado em quatro dias consecutivos. O dia mais quente foi 6 de julho, quando a temperatura média global atingiu 17,08°C, superando o antigo recorde de 16,80°C, estabelecido em 13 de agosto de 2016.
Os dados do ERA5, ferramenta de análise do C3S, mostram que os primeiros 23 dias de julho tiveram uma temperatura média global de 16,95°C, o que quebra outro recorde. O antigo marco era de 16,63°C graus, registrados em todo o mês de julho de 2019. Com isso, é possível afirmar que julho de 2023 deve ultrapassar esse recorde e se tornar o mês mais quente já registrado.
Pesquisadores do C3S atribuem as altas temperaturas às mudanças climáticas e aos efeitos iniciais do El Niño. Independentemente do motivo, a quebra desses recordes chama atenção para problemas ambientais, como secas em rios e incêndios florestais.
Entenda o que cada imagem significa
- Canal do Panamá: o tráfego marítimo no Canal do Panamá foi afetado por uma estação seca longa. A Autoridade do Canal do Panamá implementou medidas de gestão da água e o número de travessias e a carga permitida por navio foram reduzidos
- Rio Reno, Alemanha: imagens de 28 de junho de 2022 e 8 de julho de 2023 mostram o impacto da seca no Rio Reno, na área de Koblenz, na Alemanha. Atualmente, o nível da água em Kaub, uma cidade localizada a 30 km ao Sudeste de Koblenz, é de pouco mais de um metro, o que é considerado crítico
- Corfu, Grécia: o último grande episódio de incêndio florestal, em 25 de julho de 2023, fez com que 2,5 mil turistas e residentes de locais próximos a Corfu fossem evacuados enquanto os bombeiros continuavam a combater o fogo
- Mar Mediterrâneo: as temperaturas recordes que atingiram a Europa em julho estão contribuindo para um aumento na temperatura da superfície do Mar Mediterrâneo. Os dados mostram uma anomalia de até +5,5°C nas costas da Itália, Grécia e norte da África
- Bacia do Mediterrâneo: a bacia do Mediterrâneo Ocidental deve ser afetada por altas concentrações de poeira do Saara, agravando ainda mais as condições extremas
- Flórida, Estados Unidos: as temperaturas recordes da superfície do mar na Flórida (EUA) excederam a faixa normal em mais de 2°C nas primeiras semanas de julho de 2023. Esse aumento resultou no branqueamento generalizado dos recifes de corais
- Inuvik, Canadá: no final de julho, incêndios eclodiram ao longo da fronteira entre os EUA e o território canadense da Colúmbia Britânica, forçando centenas de evacuações
- Ática, Grécia: cicatriz de queimadura e a nuvem de fumaça produzida pelo incêndio florestal Dervenochoria em andamento no oeste da Ática
- Região do Mediterrâneo: cidades da Tunísia e da Itália registraram temperaturas superiores a 46°C. Além da onda de calor, a Bacia do Mediterrâneo também está enfrentando graves incêndios florestais, que chegaram a matar dezenas de pessoas na Argélia
- Rhodes, Grécia: mais de 19 mil pessoas foram evacuadas porque o fogo ameaçou casas e resorts na ilha de Rhodes
Produção: Yasmim Girardi