O início do outono nesta segunda-feira (20) às 18h25min pressagia o retorno gradual das chuvas ao Rio Grande do Sul, com previsão de um clima próximo da normalidade para a estação, que é marcada no Estado pela chegada do frio, conforme o inverno se aproxima, e por precipitações mais frequentes. A previsão é de que a temperatura máxima dos termômetros alcance até 1 °C acima da média histórica no período.
A volta das chuvas, no entanto, não deve ser intensa o suficiente para repor a baixa disponibilidade hídrica causada pela estiagem. Ainda em abril, a tendência será de chuvas ligeiramente abaixo do esperado nas regiões norte e nordeste gaúchas, mas de um retorno à normalidade para a estação no Estado inteiro a partir de maio, segundo previsões do Sistema de Monitoramento e Alertas Climáticos do governo gaúcho.
— Será uma estação um pouco mais quente, com o retorno das chuvas e um gradativo ingresso de massas de ar de frio, característico da passagem do verão ao inverno. Nos períodos em que não chove, geralmente haverá uma requentada, com ar mais seco e uma temperatura máxima maior — prevê o meteorologista Marcelo Schneider, coordenador do Distrito de Meteorologia de Porto Alegre do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
De acordo com Schneider, as temperaturas máximas na estação devem ficar cerca de 0,5 °C a 1 °C acima da média histórica na maior parte das localidades. Em Porto Alegre, por exemplo, isso significa uma média de máximas de cerca 27 °C em abril, 23 °C em maio e 21 °C em junho.
Neste verão, houve o encerramento de um período de três anos do fenômeno climático La Niña, marcado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico. Na prática, sua vigência na América Latina significava mais estiagem e ondas de calor ao Rio Grande do Sul. Com o término do La Niña, o início deste outono deve ser marcado por um período mais neutro em relação a esse tipo de influência oceânica.
— Os modelos não mostram uma normalização na precipitação no curto prazo, e sim de chuvas irregulares, como as que tivemos no verão. Maio e junho têm o horizonte de precipitações próximas ou levemente acima da média, mas em função dos reservatórios de água estarem em níveis baixos é possível que não tenhamos uma reposição neste momento — explica a meteorologista Eliana Klering, professora da faculdade de meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
A tendência é que, a partir de dezembro, segundo Klering, o continente latino-americano passe a estar sob a influência do El Niño, momento em que ocorre o oposto: o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o que trará precipitações mais frequentes ao Estado. Esses efeitos, no entanto, ainda não serão sentidos com tanta intensidade neste outono – a estação vigora até o dia 21 de junho às 11h58min, quando começa o inverno.
Os números do outono
Conforme o prognóstico do Inmet para o período de abril a junho, a precipitação total prevista para o sul gaúcho está na casa dos 300mm, enquanto o restante do Estado deve ter chuvas na faixa dos 400mm, com exceção do noroeste, cuja previsão está por volta dos 500mm.
Ou seja: a expectativa geral é de chuva acima da média histórica do Inmet medida para precipitações no Estado. Geralmente, o sul gaúcho têm chuvas na casa dos 200mm, enquanto o restante do Estado têm precipitações na casa dos 300mm e o noroeste por volta dos 400mm.
Já a temperatura média para o período nas diversas regiões do Estado costuma ficar entre 14°C e 18°C, com um pouco mais de calor a noroeste (até 20°C) e um clima mais frio em Campos de Cima da Serra (até 12°C), de acordo com a média histórica do Inmet, que contabiliza medições feitas entre 1981 e 2010.
A previsão para o Estado neste outono está levemente acima desses valores: a temperatura média deve ficar entre 15°C e 17,5°C na maior parte das regiões neste outono, de acordo com o prognóstico de temperatura do instituto. Nas áreas mais quentes, em uma faixa a noroeste, a média pode chegar até os 20°C e nos Campos de Cima da Serra atingir até 12,5 °C.