O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, rebateu, nesta quarta-feira (3), as afirmações do presidente americano Joe Biden sobre a ausência do presidente chinês Xi Jinping na Conferência do Clima da ONU (COP26), em Glasgow (Escócia). Wenbin disse que a resposta chinesa às mudanças climáticas "é concreta" e apontou as conquistas recentes em reflorestamento e energia renovável.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, destacou que a Rússia leva o aquecimento global a sério e que as ações que o país toma contra as mudanças climáticas são "consistentes, ponderadas e sérias". A ausência de Vladimir Putin também havia sido alvo de críticas de Biden nos últimos dias.
— A tundra queima. Mas não vamos esquecer que as florestas também queimam na Califórnia, na Turquia e em outras partes do mundo — rebateu Peskov. — Não minimizamos a importância do que está acontecendo em Glasgow. (Mas) as ações climáticas da Rússia não são orientadas para este ou aquele evento.
Tanto Jinping quanto Putin associaram suas ausências à pandemia. A Rússia enfrenta um dos piores momentos da crise sanitária desde o registro dos primeiros casos. Já o chinês não deixa o país desde 2020, quando as primeiras infecções pelo coronavírus foram confirmadas.
Na terça-feira (2), Biden criticou a ausência de Xi Jinping e Vladimir Putin na COP26, que começou no domingo (31). Para Biden, o não comparecimento deles significou um "dar de costas" para os sérios problemas ambientais enfrentados na cúpula e a perda de uma chance para se firmarem como lideranças mundiais.
— A China está tentando ter, compreensivelmente, um novo papel como líder mundial e não aparece por aqui? — questionou em coletiva de imprensa. — É o assunto mais importante para a comunidade internacional, da Islândia à Austrália. O mesmo com (Vladimir) Putin e a Rússia. Sua tundra está queimando, literalmente, sua tundra está queimando. Ele enfrenta problemas climáticos muito, muito sérios, mas está em silêncio.
Em um discurso altamente crítico em relação a líderes que não viajaram a Glasgow, Biden reconheceu que está "preocupado" com o meio ambiente, mas "otimista" sobre avanços com os acordos firmados.
— Não consigo pensar em dois dias em que se tenha conseguido mais no clima do que nos dois últimos — afirmou.
Assim como o russo e o chinês, o presidente Jair Bolsonaro não compareceu presencialmente à cúpula.
Ainda na terça-feira (2), antes das declarações do americano, Rússia e China, entre os três maiores emissores de metano do mundo, não assinaram um acordo para reduzir as emissões do gás de efeito estufa em 30% até 2030. Embora desapareça mais rápido da atmosfera do que o gás carbônico, o metano tem um potencial de aquecimento cerca de 80 vezes maior. Por isso, reduzir a liberação do poluente é estratégico para acelerar o combate às mudanças climáticas.