Um estudo inédito, feito por cientistas do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), projeta para o Rio Grande do Sul um aumento de 20% na incidência de raios até o final deste século. A pesquisa faz parte do livro Brasil: Campeão Mundial de Raios, escrito pelos fundadores do Elat, Osmar Pinto Junior e Iara Pinto, que será lançado em 15 de setembro em formato digital.
Segundo Osmar, o estudo foi possível a partir de modelos climáticos globais e do cenário de contínuo crescimento das emissões de gases de efeito estufa nos atuais níveis. O livro também destaca que o Brasil manterá o curioso título de campeão mundial de raios.
Atualmente, o país registra em média cerca de 70 milhões de raios por ano. Mas há variações, como em 2020, quando, sob influência do fenômeno climático La Niña, foram registrados 110 milhões de raios no Brasil.
No Rio Grande do Sul, de acordo com o cientista, com a tecnologia atual se detecta mais de 90% dos raios. Hoje, são cerca de 4 milhões por ano no Estado, cuja temporada de maior intensidade do fenômeno é entre setembro e janeiro. Por ano, estima-se que morrem, em média, oito pessoas e 18 cabeças de gado atingidas por raios no Estado.
Conforme o Elat, o máximo de raios já registrados em um único dia em Porto Alegre foi de 636, em 10 de setembro de 2020, e o máximo de raios registrado em um município gaúcho em um único dia foi de 14.432, em Uruguaiana, em 21 de maio de 2020.
Alegrete, Santana do Livramento, São Borja e São Francisco de Assis são outros municípios gaúchos que já registraram mais de 10 mil raios em um único dia.
Raio com maior distância percorrida no mundo ocorreu no RS
O Rio Grande do Sul é detentor do raio com maior distância percorrida já registrado no mundo. Ele ocorreu em Santa Rosa, em 31 de outubro de 2018, e percorreu 709 quilômetros, da fronteira oeste do Estado até o oceano Atlântico, em 11,4 segundos, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Um estudo recente do Elat mostrou que o mesmo raio atingiu 25 pontos diferentes no solo durante o trajeto. É mais que o dobro do recorde anterior, registrado em Oklahoma (EUA), com 321 quilômetros.
Segundo o Inpe, o Rio Grande do Sul é está entre os cinco Estados brasileiros com maior incidência de raios por quilômetro quadrado. E isso ocorre porque o Estado está no centro do continente, entre fenômenos climáticos que vêm de países como Argentina e Paraguai e do Oceano Atlântico. Os sistemas frontais acabam se chocando com o ar úmido vindo do Amazonas, fazendo com que as tempestades se intensifiquem no território gaúcho.
— O Rio Grande do Sul tem uma particularidade muito grande. Ele é atingido, principalmente, na região Oeste, por grandes tempestades que se formam na Argentina e no Paraguai e migram para o Estado gaúcho. Elas são as maiores da América do Sul, costumam ter extensões de centenas de quilômetros e costumam durar até 15 horas, ao contrário de tempestades normais, que têm extensão de dezenas de quilômetros e duram em torno de uma hora. Essas tempestades duradouras migram e passam pelo Rio Grande do Sul antes de se deslocarem para o Oceano Atlântico — explica Osmar.
Para saber mais
- O livro será lançado em formato digital no dia 15 de setembro, véspera do início da temporada anual de raios no Brasil
- Ele está em pré-venda e pode ser adquirido nas plataformas da Amazon, Livraria Cultural, Rakuten Kobo, Google Play Books e Apple Book