A lava expelida pelo vulcão Cumbre Vieja, na ilha espanhola de La Palma, chegou ao mar na madrugada desta quarta-feira (29), gerando, além de um belo espetáculo da natureza, gases potencialmente tóxicos. Imagens mostravam na manhã de hoje grandes colunas de vapor e gases que se elevavam quando o fluxo de lava chegava ao mar na costa oeste desta ilha do arquipélago atlântico das Canárias.
O Cumpre Vieja entrou em erupção há 11 dias. Com mais de 1.000°C, o impacto da lava com a água do oceano aconteceu às 23h locais (19h em Brasília). Como precaução, os moradores das áreas mais próximas foram confinados para evitar o contato com os gases tóxicos.
– Neste momento, temos um vento importante na área que dissipa mais essa coluna (de gases) em direção ao mar. Portanto, o risco é muito menor para a população – disse à rádio pública RNE Rubén Fernández, um dos responsáveis pelo Plano de Emergências Vulcânicas das Ilhas Canárias (Pevolca).
– A inalação, ou o contato com gases ácidos e líquidos pode irritar a pele, os olhos e o aparelho respiratório e causar dificuldades respiratórias – alertou o Instituto Vulcanológico das Canárias (Involcan).
Canal para o mar
Frente às piores previsões, a chegada da lava ao mar "transcorre dentro da normalidade", disse na manhã desta quarta, à rádio COPE, o presidente regional das Canárias, Ángel Víctor Torres.
– Foi aberto um canal que, do vulcão, chega ao mar, e o que todos esperamos é que evolua de forma natural, que a língua de lava da ilha pare de se expandir e vá em direção ao mar – afirmou Torres.
Cientistas diziam que era muito difícil prever quando a lava chegaria ao mar, já que sua velocidade havia variado nos dias anteriores. Na manhã de segunda-feira aconteceu uma redução notável da atividade do vulcão, mas à tarde a erupção voltou com intensidade renovada, o que fez com que o fluxo ganhasse velocidade e terminasse alcançando a água na terça.
Por causa da erupção, mais de 6 mil pessoas tiveram de deixar suas casas, mas não foram registradas vítimas. A lava já devastou 656 construções - nem todas residências - e cobriu 268 hectares da ilha, de 85 mil habitantes, que vive do cultivo de banana e do turismo, segundo o sistema de medição geoespacial europeu Copernicus.
– Em toda essa extensão não sobrou nada além de lava. A paisagem será outra, a devastação é tremenda (...) A ilha de La Palma naquela área é outra ilha – lamentou o presidente regional das Ilhas Canárias.
A chuva de cinzas deixou o aeroporto de Santa Cruz de la Palma inoperante por 24 horas no fim de semana e, embora teoricamente funcione, praticamente não há voos chegando.
Na terça-feira, o governo espanhol aprovou um pacote de ajudas diretas de 12,2 milhões de dólares para fornecer casas e itens de primeira necessidade para quem perdeu tudo com a erupção.