Você acorda, olha pela janela e a paisagem está coberta por uma nuvem branca que quase não permite identificar o que há atrás. A situação vivenciada pelos gaúchos nos últimos dias é decorrente de um evento bastante conhecido: o nevoeiro, também chamado de neblina ou cerração.
Tendo como principal característica a restrição de visibilidade horizontal, a condição marcou presença na Capital durante as madrugadas e manhãs de domingo (4), segunda (5) e terça-feira (6), causando atrasos e cancelamentos de voos no aeroporto Salgado Filho.
Carine Gama, meteorologista da Somar, explica que o nevoeiro nada mais é do que uma nuvem que se forma próximo ao solo, impedindo que as pessoas enxerguem a uma distância maior do que um quilômetro. Por esse motivo, o evento também pode gerar problemas em rodovias.
Para que a cerração se forme, é necessário que haja a combinação de algumas condições, como a queda da temperatura, uma grande quantidade de umidade disponível na atmosfera e ventos calmos, pois rajadas moderadas não possibilitam que a nuvem fique concentrada. Por isso, o nevoeiro costuma ocorrer nas primeiras horas do dia, quando as mínimas ainda estão baixas.
Apesar de ser bastante comum no inverno, sobretudo quando os ventos sopram do Leste ou do Sudeste, a condição também pode ser registrada no verão. De acordo com Carine, não há um valor exato de temperatura mínima necessária para que o evento aconteça. O que realmente terá impacto sobre sua formação será o chamado gradiente de temperatura:
— É quando temos uma queda na temperatura, uma diferença grande entre a máxima do dia anterior e mínima da madrugada ou da manhã do dia seguinte.
Condição em Porto Alegre
A meteorologista da Somar também ressalta que existe o nevoeiro e a névoa úmida, sendo que a diferença entre eles está na visibilidade horizontal alcançada. Com o nevoeiro, é possível enxergar até um quilômetro à frente. Caso consiga visualizar mais do que essa distância, então trata-se de uma névoa úmida.
— Quando se tem visibilidade de oito quilômetros, temos névoa úmida. Se a visibilidade for de 500 metros, temos um nevoeiro denso — exemplifica.
Segundo Carine, o aeroporto Salgado Filho, na Capital, teve um nevoeiro muito forte e denso entre a 0h e as 10h23min de terça-feira (6). Nesse período, a menor visibilidade registrada foi de cem metros. Quando a neblina começou a se dispersar, por volta das 10h38min, a visibilidade ainda estava baixa, em torno de 1,5 quilômetro.
Os eventos têm demorado para se dissipar porque a temperatura tem permanecido baixa durante toda a manhã e os ventos estão carregados de umidade, esclarece a meteorologista:
— Temos ventos úmidos soprando muitas gotículas de água do oceano para a faixa Leste e para a região Sul por conta de um sistema de alta pressão, além de ventos calmos e temperaturas que não sobem, e isso favorece para que o nevoeiro seja mais duradouro.