As mudanças climáticas são apontadas como a causa mais provável dos deslocamentos ocorridos no eixo de rotação da Terra por um estudo científico publicado em março pela União de Geofísica dos Estados Unidos (AGU, na sigla em inglês). De acordo com o site RTP Notícias, a pesquisa observou que os polos terrestres se moveram cerca de quatro metros na direção leste desde 1995.
Os cientistas explicam que a ligeira mudança na posição do eixo do planeta — linha imaginária em torno da qual ele gira sobre si mesmo — é algo natural e decorrente de alterações na distribuição da massa da Terra. No entanto, as análises mostraram um aumento na velocidade desses movimentos: de 1995 a 2020 o deslocamento dos polos foi 17 vezes mais rápido do que o registrado durante os 15 anos anteriores.
Para identificar as causas dessa mudança, os pesquisadores envolvidos no estudo analisaram as oscilações no armazenamento de água na superfície terrestre (incluindo neve, gelo, água subterrânea e superficial), concluindo que o degelo das regiões polares, principalmente no Alasca, na Groenlândia e na Antártica, foi bastante evidente e mais rápido a partir da década de 1990, sendo registrada uma perda ampliada de 48 milímetros de gelo por ano em comparação aos períodos anteriores.
Sendo assim, o derretimento do gelo glacial, impulsionado pelas mudanças climáticas, é apontado pelo estudo como "a causa mais provável" para os deslocamentos observados no eixo, considerando a alteração causada na massa da Terra.
Ainda de acordo com o RTP Notícias, o movimento de rotação do planeta e a posição do eixo em relação ao Sol são os fatores que determinam o dia e a noite, o que significa que o deslocamento do eixo poderia causar implicações no dia a dia na Terra. Entretanto, Vincent Humphrey, cientista da Universidade de Zurique que não participou da pesquisa, explicou ao site que a mudança registrada pelos pesquisadores não é grande o suficiente para afetar a rotina diária, podendo alterar a duração do dia apenas em milissegundos.
O estudo publicado pela AGU cita também outras causas plausíveis para os deslocamentos, como as alterações do armazenamento de água na superfície terrestre em áreas não glaciais, que podem ser justificadas não somente pelas mudanças climáticas, mas também pelo "consumo insustentável de água subterrânea para irrigação e outras atividades antrópicas".