A fumaça das queimadas que assola as regiões da Amazônia e do Pantanal chegou ao Rio Grande do Sul, informa a Somar Meteorologia. Fruto da fuligem carregada pelos ventos, um céu mais esbranquiçado no meio da tarde e alaranjado ao entardecer pôde ser observado em Caxias do Sul, na Serra, na quarta-feira (9).
Ao longo desta quinta-feira (10), os aerossóis estarão mais concentrados no oeste de Santa Catarina e do Paraná e ao norte do Rio Grande do Sul. Contudo, a presença das partículas deve se intensificar no céu gaúcho a partir de sexta-feira (11), aponta Celso Oliveira, meteorologista da Somar.
— A chuva que caiu no Estado varreu o céu e, agora, ele está limpo. No momento, os aerossóis estão mais concentrados no Norte, na cidade de Erechim. Entretanto, nos próximos dias, a expectativa é de que a instabilidade fique mais concentrada na metade Sul, deixando aberto o Centro e a Fronteira Oeste para a presença de fuligem, pela manhã, podendo chegar a Porto Alegre durante a tarde.
Ele explica que, se tivermos nebulosidade nestas regiões, a visualização das partículas de poeira fica prejudicada, porque ela se confunde com as nuvens. Oliveira aponta ainda que São Borja, São Luiz Gonzaga e Santa Maria podem ter um amanhecer mais alaranjado nesta sexta-feira.
Essa condição de presença dos efeitos da fumaça das queimadas que ocorrem no Norte e Centro-Oeste brasileiro permanecem até domingo:
— O vento chamado de Jato de Baixos Níveis (JBN) auxilia no transporte de partículas, mas ele vai parar de agir no domingo, quando entra em ação os ventos de Sul.
Luiz Carlos Corrêa da Silva, médico pneumologista da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, afirma que, apesar de o foco dos incêndios estar distante do Rio Grande do Sul, prejuízos podem ser sentidos por aqui:
— Algum prejuízo teremos, independentemente da concentração de partículas que vierem para cá. Essa fumaça pode causar irritação nos olhos, garganta e tosse em pessoas jovens. Contudo, ela pode ser mais danosa, é claro, para as crianças, os idosos e as pessoas com doenças crônicas, como os asmáticos. Por isso, quem é usuário deve estar em dia com os remédios de manutenção para não ficar exposto a nenhum tipo de sintoma mais pesado.
O especialista disse ainda que para se proteger o melhor é ficar em casa e deixar os ambientes arejados
Por que o céu fica alaranjado?
A explicação para o tom rubro-alaranjado do céu é a seguinte: quando os raios de sol incidem sobre as partículas de poeira no ar e de fuligem que estão no ar, a coloração do céu muda, diz Oliveira.
— Quando os raios de sol batem nesses aerossóis da atmosfera, geram mais luminosidade e espalham luz — afirma o meteorologista.
Isso pode acontecer tanto pelas partículas de fuligem das queimadas quanto em períodos de tempo muito seco. O tom alaranjado do céu em junho, por exemplo, chamou a atenção de porto-alegrenses.