A primavera de 2020 se inicia às 10h31min de 22 de setembro, e a nova estação poderá trazer extremos nas temperaturas em um único dia e nos acumulados de chuva sobre o Rio Grande do Sul. Isso porque está em formação o fenômeno La Niña, que causa o resfriamento das águas do Oceano Pacífico equatorial.
Nos próximos meses, o fenômeno influenciará diretamente na formação de menos chuva na região Sul do Brasil ao provocar uma mudança na dinâmica dos ventos e, consequentemente, no transporte de umidade. Segundo a meteorologista Cátia Valente, da Somar Meteorologia, o sinal estará amarelo para a estiagem no Estado por conta das chuvas abaixo da média. Pela atual conjuntura, explica Cátia, a Metade Sul e o Oeste gaúcho, por já estarem com menos chuva, deverão ser as regiões mais afetadas.
— Não estamos trabalhando com a mesma estiagem que atingiu os gaúchos entre novembro de 2019 e abril de 2020, mas a expectativa não é favorável. As chuvas nesta próxima estação estarão mais espaçadas e com volumes abaixo da média em todo o Estado, podendo prejudicar a preparação para as culturas de verão — alerta.
Apesar das chuvas mais espaçadas, as precipitações poderão ser mais intensas em períodos relativamente curtos, de acordo com o meteorologista Marcos Vianna, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe).
— Na região Sul, deverá ter aumento a ocorrência de raios e de complexos convectivos, sistemas que provocam grande quantidade de chuva em períodos relativamente curtos — aponta.
O chefe do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPMET) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Leonardo Calvetti, destaca a amplitude térmica diária nas primeiras semanas da primavera, principalmente na região da Campanha, onde as manhãs poderão começar com temperaturas por volta de 10°C e as tardes beirarem os 30°C. Porto Alegre também deverá sentir os efeitos da mudança rápida de temperatura em menos de oito horas, que causará o popular "efeito cebola" nas pessoas — começando a manhã com muitas roupas e ir tirando as peças ao longo do dia.
Calvetti aponta ainda a ocorrência de mais ventos no litoral gaúcho, por conta da formação de ciclones em alto mar, causados pelo aquecimento do Oceano Atlântico — que estará até 2°C acima da média.
Temporais e frio não são descartados
Apesar da redução significativa na média de chuva durante a estação, quando houver ocorrência ela pode ser em forma de temporais.
No decorrer da primavera a temperatura deve se manter dentro da média, afirma o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No entanto, a entrada de alguns sistemas no Estado ainda pode reduzir as mínimas.
Em Porto Alegre, a nova estação deve chegar com frio e chuva, que ocorrem entre os dias 22 e 26. Depois disso, outras ondas de frio estão previstas: na virada da quinzena de outubro e na virada da quinzena de novembro. Porém, destaca a Somar, esse frio não deve ser tão intenso.
Para quem espera pelo calor, o recorde da estação, indicam os modelos, deve ocorrer por volta do dia 10 de outubro.