O Brasil ganhou nesta sexta-feira (13) o prêmio Fóssil Colossal, como "país que mais atrapalhou o clima em 2019".
A premiação aconteceu no final da COP-25, conferência da ONU sobre mudanças climáticas. É a primeira vez que o país leva o prêmio em referência às suas ações ao longo de todo o ano.
A distinção negativa acusa o governo de Jair Bolsonaro de ter desmontado as políticas ambientais que levaram às reduções de emissões do país, enquanto criminaliza ambientalista. Também aponta o aumento nas taxas de desmatamento, nas invasões de terras o assassinato de três lideranças indígenas apenas nesta semana no texto que justifica a escolha do país para o troféu.
A organizadora da premiação é uma rede que representa mais de 1.000 ONGs ambientalistas no mundo, Climate Action Network International (CAN) - Rede de Ação Climática, na sigla em inglês.
No Twitter, a CAN listou três motivos para a escolha do Brasil:
- Culpar ambientalistas pelas queimadas na Amazônia
- Vetar a menção dos Direitos Humanos no artigo 6.4, sobre créditos de carbono
- Se opor ao uso da expressão Emergência Climática na redação do texto final da COP
O Brasil já tinha vencido o Fóssil do Dia ainda no início da COP-25, junto a Austrália e Japão, e voltou a ser "premiado" na última terça (10), quando o governo Bolsonaro publicou a MP da regularização fundiária, criticada por ambientalistas por facilitar a grilagem de terras e o desmatamento.
Fóssil do Dia
O prêmio irônico, já tradicional nas COPs do clima, sinaliza a percepção das organizações ambientalistas de todo o mundo sobre os países, julgando tanto suas posturas nas negociações como suas políticas domésticas.
Com a marca inédita de três troféus em uma COP, o Brasil sofre mudança radical na sua imagem para as ONGs brasileiras e internacionais.
"Que diferença um ano faz. Berço da Convenção do Clima da ONU e amplamente elogiado por cortes impressionantes em suas emissões na última década, o Brasil se tornou um pária climático", diz o texto da CAN, que justifica a "vitória" do Brasil na premiação.