"Que desmatamento ou incêndio ou inundação/ Nossos olhos tristes ainda inundarão/ Que geleira tem que ainda derreter/ Pra quebrar a pedra de gelo que tem no peito, que tem o podre alto poder/ Quanto tempo vamos seguir sem de fato agir?"
Essas são as questões levantadas pelo grupo Famílias pelo Clima, uma das organizações que participam das greves climáticas de sexta, iniciadas pela ativista ambiental Greta Thunberg em 2018. As estrofes são também parte de uma música e um clipe lançados nesta sexta-feira (20).
O vídeo em preto e branco foi idealizado por Isabella Prata, membro do Famílias pelo Clima/Parents for Future Global, e surgiu de uma frustração da ativista quanto ao conhecimento e a importância que as pessoas dão atualmente à emergência climática — a expressão foi escolhida como a palavra do ano pelo dicionário Oxford — principalmente no Brasil, onde os protestos climáticos ainda não tomaram a proporção alcançada em outros países.
Segundo a ativista, o papel da sociedade civil é fazer pressão sobre quem pode mudar a situação, e não necessariamente resolver o problema.
— Não é um problema que tem que ser solucionado só por nós. O maior problema está na mão das grandes corporações — diz. — Se fazemos só nossa parte, tiramos a atenção da cobrança das grandes empresas. Nós precisamos agir em relação a questões políticas, governos e grandes corporações, que fazem com que acreditemos que nós temos que resolver o problema, reciclando o nosso lixo, comendo orgânico e andando de bicicleta. E não é.
A letra da música Para Onde Vamos? foi composta por Beto Villares e Carlos Rennó. Parte dela já estava pronta há nove anos, o que demonstra a persistência de alguns problemas relacionados às mudanças climáticas.
Fazem parte do coro Arnaldo Antunes, Zélia Duncan, Moreno Veloso, Zeca Baleiro, Chico Brown, Céu, Ná Ozzetti, Moska, Roberta Sá, Mc Soffia e o coral do Projeto Guri.
— O desejo agora é que esse filme seja visto por mais e mais pessoas, para que elas se conscientizem da relevância do assunto — diz Isabella.
A música, que já tem legendas em alemão, espanhol e inglês, deve alcançar os grupos europeus ligados a greves climáticas, como o Fridays for Future e o Parents for Future, nesta sexta.