O Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a ONG Conservação Internacional decidiram doar US$ 500 milhões (mais de R$ 2 bilhões) adicionais para o reflorestamento da Amazônia e de outras florestas tropicais, informou a presidência francesa nesta segunda-feira (23).
O anúncio formal foi feito durante reunião sobre a Amazônia, durante a Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, com a presença de vários chefes de Estado, como o presidente da França, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, e os líderes de Chile, Colômbia e Bolívia, com a ausência do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
A União Europeia vai disponibilizar 190 milhões de euros no âmbito de seus programas de cooperação e desenvolvimento, enquanto que a Conservação Internacional aportará US$ 20 milhões.
O objetivo é financiar projetos para preservação da biodiversidade, desenvolvimento de uma cadeia de valor sustentável, gestão duradoura de solos, promoção de conhecimentos tradicionais e cooperação transfronteiriça.
Macron foi irônico sobre a ausência de Bolsonaro, ao mesmo tempo em que estendeu a mão a Brasília, que o acusa de interferência em assuntos internos.
— Quais são os nossos riscos? Primeiro, o elefante na sala, ou melhor, o que não está aqui, o Brasil! Todo mundo me pergunta, como vamos fazer sem o Brasil? O Brasil é bem-vindo. Precisamos de uma manobra inclusiva, respeitosa com cada um. Espero que nos próximos meses tenhamos condições políticas para avançar — disse Macron.
Segundo Macron, outros riscos são "que digamos números, palavras, mas sem resultados". Existem tantos fundos e programas que "o risco é dispersão, lentidão, ineficiência e que percebamos seis meses depois que os fundos não chegaram às populações afetadas", afirmou.
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, destacou a necessidade urgente de conservar florestas.
— Uma colaboração internacional é necessária e urgente, e existe uma vontade enorme — disse Piñera, cujo país organizará a cúpula para a luta contra a mudança climática COP-25 em dezembro deste ano.
O Banco Mundial planeja estabelecer um programa "Pro Green", com Alemanha e França, para financiar projetos. Já o Banco Interamericano de Desenvolvimento financiará ações nos grandes estados da Amazônia. Além disso, a ONG americana Conservação Internacional apoiará projetos locais liderados por organizações não-governamentais, comunidades indígenas e empresas privadas.
No total, cerca de US$ 500 milhões serão destinados a todas as florestas tropicais, disse o Palácio do Eliseu. Esse valor, em empréstimos e doações, será adicionado às contribuições existentes feitas pela Alemanha e pela Noruega, principais doadores da Floresta Amazônica, mas que bloquearam os pagamentos ao Brasil para protestar contra a política do governo Bolsonaro.
Dadas as críticas do Brasil, que acusa a França de ingerência na soberania em sua parte da selva na Amazônia, Paris insistiu em que "é uma iniciativa inclusiva".
— Não se trata de questionar a soberania dos Estados, mas esses programas serão lançados independentemente da posição brasileira — afirmou o Eliseu.
Com 60% da maior floresta tropical do mundo em seu território, o Brasil tenta convencer o mundo de que tem a situação sob controle, depois que o forte desmatamento e a propagação de incêndios florestais causaram uma crise internacional em agosto passado.