O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), decretou situação de emergência por conta dos focos de queimadas no Estado. Incêndios nas últimas semanas colocaram toda a região da Amazônia em alerta.
O decreto, que vale por 180 dias, permite usar propriedades privadas quando houver iminente perigo público e autoriza agentes a entrarem em casas sem ordem judicial para evacuar imóveis em caso de risco. O governo ainda fala em risco de faltar água na capital, Rio Branco, e em 14 cidades do interior.
Em maio, Cameli sugeriu que produtores rurais não pagassem multas ambientais. A declaração ocorreu em visita do governador à cidade de Sena Madureira (distante 144 km de Rio Branco). Ele aparece em um vídeo onde reforça a determinação.
— Se o IMAC (Instituto de Meio Ambiente do Acre) estiver multando alguém, me avisa. Me avisem e não paguem nenhum multa, porque quem está mandando agora sou eu. Não vou permitir que prejudiquem quem quer trabalhar. Não paguem, quem manda sou eu — disse ele na ocasião.
O governador negou que no Acre tenham aumentado os focos de incêndio.
— Se você pegar os números de focos de queimadas, vai ver que não aumentou nada. Em alguns casos até diminuiu, mas como está tendo toda essa discussão, todos esses entraves e polêmica, eu decretei logo para acabar com isso e resolver, até para responder aqueles que gostam de criar polêmica.
No entanto, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que o Acre registrou um aumento de 188% de queimadas de janeiro a julho em relação ao mesmo período de 2018.
Apoio do governo da Argentina
Na capital, o rio Acre atingiu o menor nível desde 1970: 1,41 metros de altura. Não chove no Estado desde o dia 24 de julho, quando foi registrada precipitação de 19 mm. No início de julho, o governo pôs em prática o plano de contingenciamento de abastecimento, mas até agora, em nenhuma cidade houve racionamento.
O governador disse ter recebido um telefonema do ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, dizendo que o presidente Jair Bolsonaro também vai decretar estado de emergência para os estados da Amazônia. Cameli ainda afirmou que recebeu apoio do governo da Argentina, disposto a enviar aviões de combate aos incêndios.
No decreto, o Estado convocou todos os militares do Corpo de Bombeiros para atuarem no combate aos incêndios florestais.
O comandante da corporação, coronel Carlos Batista, disse que todas as férias e licenças foram canceladas. O efetivo no estado é de 503 homens.
— Montamos as equipes e vamos distribuir conforme o número de casos em cada região do estado. Mas vamos precisar da ajuda das prefeituras e do governo federal para esse enfrentamento.
A fumaça fez disparar o número de casos de pessoas atendidas na rede municipal de saúde de Rio Branco com problemas respiratórios. Foram 30 mil casos na primeira quinzena deste mês, um aumento de 138% se comparado ao mesmo período do ano passado, segundo o secretário municipal de saúde, Oteniel Almeida.