Equipes técnicas do Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM) e do Projeto Pinípedes do Sul realizaram a soltura de um lobo-marinho-do-sul (Arctocephalus australis) com menos de um ano de idade, no Balneário Cassino, em Rio Grande, nesta terça-feira (16). O animal havia sido encontrado em 10 de junho, em São José do Norte, durante o monitoramento da praia feito pela equipe técnica do Projeto Pinípedes do Sul. O animal encontrava-se fraco, muito magro e cansado e foi encaminhado ao CRAM para um período de reabilitação.
— Nesta época do ano, os pinípedes migram para o Rio Grande do Sul e ocorrem nas amplas extensões de praia do litoral gaúcho e nos Refúgios de Vida Silvestre do Molhe Leste (São José do Norte) e da Ilha dos Lobos (Torres). Só no último mês, registramos três lobos-marinhos — ressalta o coordenador científico do Projeto Pinípedes do Sul, Leonardo Martí.
Segundo a coordenadora do CRAM/Furg, Paula Canabarro, o animal passou por uma avaliação clínica — pesagem, avaliação dos valores sanguíneos, temperatura corporal, exame físico, entre outros — e recebeu hidratação e alimentação adequada, suplementação vitamínica, antiparasitário e antibiótico.
O CRAM organizou a sua soltura em parceria com o Projeto Pinípedes do Sul, que atua na reintrodução responsável de tartarugas e pinípedes em seu habitat natural depois da reabilitação, no resgate de animais marinhos em seus monitoramentos e atende a ocorrências identificadas pela comunidade. Atualmente, o Centro trabalha na reabilitação de nove pinguins-de-Magalhães, dois lobos-marinhos-do-sul e um leão-marinho-do-sul, resgatados pelas equipes do CRAM e do Projeto.
O lobo-marinho-do-sul
É um mamífero que circula no continente sul-americano, entre o Rio de Janeiro, no Oceano Atlântico, até a Península de Paracas (Peru), no Oceano Pacífico, contando também com registros nas Ilhas Malvinas. A população mundial da espécie é estimada entre 350 mil e 400 mil animais. Esta é a segunda espécie de pinípede mais abundante no litoral gaúcho, podendo ser avistada frequentemente nas praias da região sul, alimentando-se e descansando. Tem um corpo delgado, focinho alongado, orelhas pequenas, ventre claro e pescoço grosso. Os filhotes nascem com o pelo em tons de cinza, e peso de 3 a 5 quilos. Já adultos, passam a ter coloração marrom, sendo os machos maiores que as fêmeas. Dentre os animais já observados, os machos atingiram 1m89cm de comprimento e 159 kg, enquanto as fêmeas chegaram a 1m43cm e 48 kg. Também quanto à idade há variação entre machos e fêmeas, já tendo sido registrados animais com até 23 anos (machos) e 30 anos (fêmeas).
Sobre o Projeto
O Pinípedes do Sul, que tem o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, objetiva reduzir as ameaças à conservação das espécies de pinípedes — o grupo de mamíferos marinhos que inclui focas, leões-marinhos e lobos-marinhos — e de tartarugas-marinhas no sul do Brasil. Além disso, o projeto visa aumentar o nível de proteção de duas Unidades de Conservação onde há grande concentração desses animais — Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste (São José do Norte, RS) e Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos (Torres, RS) — e desenvolver atividades de educação ambiental voltadas para comunidades pesqueiras.
Se você encontrar um animal destes vivo
- Jamais toque nos animais, pois eles podem ser agressivos.
- Mantenha distância mínima de cinco metros, pois esses animais são portadores de zoonoses que podem ser transmitidas para os humanos.
- Evite aglomerações em volta do animal. Muitas pessoas ao redor causará grande estresse a ele e pode ser perigoso.
- Nunca os alimente.
- Nunca tente retirá-los da praia ou transportá-los sem avaliação de profissionais qualificados (biólogos e veterinários) em fauna marinha.
- Jamais tente recolocar o animal de volta ao mar.
- Respeite a rotina de vida das espécies que utilizam a praia para descanso.
- Avise as autoridades competentes – Nema, pelo fone (53) 3236-2420, CRAM/FURG, (53) 3231-3496, ou Ceclimar, (51) 3627-1309 podem ajudar na orientação – e, sempre que possível, realize registro fotográfico a distância para facilitar a avaliação dos biólogos e veterinários quanto à real necessidade de resgate.
FONTES: Projeto Pinípedes do Sul e Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar)