Desde o início da semana, o cenário de Porto Alegre é marcado por pessoas encasacadas enfrentando temperaturas abaixo dos 10ºC, principalmente nas primeiras horas do dia. Destoando da maior parte da população, profissionais de algumas áreas lidam com duas estações praticamente no mesmo ambiente.
É o caso de assadores e padeiros, por exemplo, que trabalham em locais onde a temperatura elevada predomina no ambiente na maior parte do dia.
Sensação agradável na piscina
Por volta das 10h deste sábado (6), os termômetros da Capital marcavam 5ºC — a sensação térmica estava em 1ºC. Já no pavilhão que abriga a piscina térmica do Grêmio Náutico Gaúcho, no bairro Menino Deus, o termômetro marcava 22ºC, convertidos em uma sensação agradável, quase de calor no recinto.
Um dos responsáveis pela manutenção do local, Marcelo Fagundes, 45 anos, afirma que é difícil escolher a roupa que será usada no dia a dia de trabalho em dias mais frios, pois algumas atividades acabam aumentando a sensação de calor.
— Segunda-feira, eu estava aspirando a piscina olímpica só de bermuda. Se bobear, fico só de camiseta. E na rua estava 10ºC.
A cinco passos da beirada da piscina térmica, uma porta dá acesso aos motores que mantém a água aquecida, separando os 22ºC dos 5ºC registrados na rua. Falando com a reportagem, Fagundes, que usava um casaco mais pesado, relata que é difícil não cair em tentação e colocar a roupa mais quente de lado:
— Já estou com vontade de tirar — confessou.
O funcionário, que trabalha no local há 20 anos, diz que as mudanças de temperaturas em um pequeno espaço de tempo acabam prejudicando a saúde em algum momento.
Calor na máquina de assar
No encontro das ruas General Caldwell e 20 de Setembro, no bairro Azenha, o atendente Diego Dela Favera Lopes, 30 anos, diz que fica feliz em trabalhar nos dias mais gelados. Ele é um dos responsáveis por controlar a máquina de assar frangos e cortes de carne na Lancheria Demari.
— Hoje está um dia legal para trabalhar. Quando está frio, ficar perto da máquina é uma alegria, mas no verão é uma situação totalmente desagradável.
Lopes afirma que no horário do almoço, um dos momentos de maior movimento no local, costuma usar roupas mais leves em razão da correria para atender aos clientes e do calor exalado pela ferramenta de trabalho.
De camiseta na churrasqueira
Ainda na Rua General Caldwell, a reportagem de GaúchaZH visitou uma churrascaria chamada ChefCarnes, que serve no local e oferece a opção de o cliente comprar peças ou pedaços de carne. Logo na entrada do ambiente, Gilberto Alves, 38 anos, um dos assadores manuseava os espetos usando camiseta em um momento no qual os termômetros marcavam cerca de 6ºC na Capital. Colega dele, Fabiano Cavalcanti, 25 anos, diz que trabalhar em locais mais quentes no inverno tem suas vantagens, mas destaca que a variação de temperatura no mesmo local atrapalha um pouco:
— Muita gente fala “tu está no lucro trabalhando no calor”, mas passa um ventinho e as vezes você sai do lugar, entra em uma câmara gelada. Então, tem o lado bom por ser um lugar mais aquecido, mas tem o lado ruim, porque tem esse vento gelado.
Frio intenso no Estado
Este sábado registrou a temperatura mais baixa do ano no Rio Grande do Sul, com os termômetros de Quaraí, na Fronteira Oeste, marcando -4,3°C. Pelo menos cinco municípios registraram neve entre o fim da noite de sexta-feira e a madrugada. A Capital amanheceu com 4,5ºC. A previsão é de que o frio intenso siga no Estado durante o fim de semana.