O amanhecer desta quinta-feira (4) foi gelado em Porto Alegre, onde a mínima chegou a 4°C, e na Região Metropolitana. Para encarar o frio, quem teve de sair de casa cedo precisou de muita coragem. Os taxistas do ponto Triângulo, na zona norte da Capital, apelaram para ceroula e muita roupa.
— Eu não gosto do frio. Estou usando duas camisas, um blusão e a jaqueta — disse Artur Goulart, 40 anos.
Os também taxistas Diógenes Azevedo, 46 anos, e Cleomar dos Santos, 57 anos, apelaram para a calça extra pra espantar o frio.
Já os colegas de trabalho Rafael Cardoso, 27 anos, e Fábio Rocha, 37 anos, aguardavam o transporte da empresa na esquina da Rua Gomes de Freitas com a Avenida Assis Brasil tentando se proteger do frio. Um usava quatro blusões e o capuz enquanto o outro, além do capuz, usava quatro peças, manta, luva e a ceroula.
— Esse frio é terrível. Para encarar, tem que levantar de uma vez só e vestir logo a roupa — fala o Fábio.
— Eu tomo um banho bem quente logo cedo. Só assim — diz Rafael.
Mesmo no frio, gaúcho só usa chinelo e bermuda
Com um jornal debaixo do braço, moletom e touca sobre o boné, Paulo Magagnin, 58 anos, poderia ser mais um porto-alegrense protegido do frio na manhã gelada desta quinta-feira. Não fosse pela surpresa ao olhar pro chão: Paulo veste bermuda e chinelo de dedos.
— Todo dia. Eu só ando de bermuda e chinelo. Não gosto de tênis nem de calça — conta, apressado, na Avenida Presidente Franklin Roosevelt, a caminho do trabalho.
Sócio da Galeteria Di Brescia — em referência a Nova Brescia, cidade conhecida pelo número de "contadores de história" —, o gringo jura que não é mentiroso ao insistir que não sente frio, mesmo com a modesta vestimenta.
— Não tô com frio. Protejo o rosto e não sinto frio nas pernas — defende-se, com a insistência da reportagem, incrédula com as respostas.
O empresário mora na Avenida Sertório, e encara meia hora de caminhada até o restaurante, onde começa a lida cedo, às 7h30min. Além de travar uma briga cheia de risos com quem contesta seu calor, Paulo enfrenta resistência em casa.
— Minha mulher diz para eu me agasalhar melhor, mas eu não gosto. Depois tem que ficar tirando tudo — finaliza, ao chegar à galeteria.
Pelo passo apressado, há chance de Paulo, de fato, já ter descongelado antes das 8h.