Em uma patrulha de rotina na faixa de areia do Litoral Norte gaúcho, o biólogo Maurício Tavares, de 39 anos, viveu um dia de satisfação na última segunda-feira (18): avistou,em Mostardas, o lobo-marinho que havia devolvido à natureza três dias antes na praia das Cabras, em Cidreira, a cerca de 55 quilômetros de distância.
O animal, originalmente, era visto nas areias de Nova Tramandaí e acabava recebendo alimentos de banhistas, o que é desaconselhado por biólogos. Ficava, ainda, à mercê de ataques de animais domésticos – como cachorros, potenciais transmissores de doenças.
Para evitar algum tipo de ferimento no animal, guarda-vidas de Nova Tramandaí contataram o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da UFRGS (Ceclimar).
— Não teria problema nenhum ele ficar ali, mas há desinformação das pessoas. Tem gente que quer passar a mão e dar comida. Isso é errado. O bicho se acostumou com o alimento fácil e corria o risco de não desenvolver suas habilidades de caça, o que o prejudicaria ao voltar para o oceano — explica Tavares.
Os pesquisadores colocaram na axila do lobo-marinho uma pequena plaquinha azul de identificação para repassar informações de movimento. O animal, então, foi transportado até a praia das Cabras, em Cidreira, em uma região longe de banhistas, onde o bicho foi solto. Daqui, nadou por três dias até Mostardas.
— Ele estava deitado e descansava, aproveitando um solzinho. Isso demostra que o animal está bem e conseguiu se adaptar ao período mais difícil da imigração, realizada no inverno — comemorou o biólogo.
Segundo o especialista, o Ceclimar continuará monitorando a região caso o animal apareça novamente. A expectativa, no entanto, é de que o lobo-marinho volte para o oceano e siga viagem em direção ao Uruguai.
— Toda vez em que observamos o animal seguindo suas caraterísticas normais,vemos o quão importante é deixá-lo em seu ambiente natural. Já passamos por essas situações várias vezes e, em cada vez, ficamos mais felizes com nosso trabalho — ressalta Tavares.
Como agir se encontrar um animal destes vivo
- Jamais toque nos animais, pois eles podem ser agressivos.
- Mantenha distância de dez metros, pois esses animais são portadores de zoonoses que podem ser transmitidas para os humanos.
- Respeite a rotina de vida das espécies que utilizam a praia para descanso.
- Evite aglomerações em volta do animal. Muitas pessoas ao redor causarão grande estresse a ele, e pode ser perigoso.
- Mantenha os animais domésticos (cães, por exemplo) distantes.
- Nunca os alimente.
- Nunca tente retirá-los da praia ou transportá-los.
- Jamais tente recolocar o animal de volta ao mar.
- Se o animal não estiver sujo de óleo ou sem qualquer ferimento, deixe-o apenas descansar. Não é necessário informar às autoridades competentes.
Se avistar um lobo-marinho ou um leão-marinho sujo de óleo ou ferido, acione:
- No Litoral Sul
- Núcleo de Educação Ambiental (Nema), pelo fone (53) 3236-2420.
- Patram Rio Grande: (53) 3235-4702 - No Litoral Norte
- Patram Litoral Norte
- Osório: 3601-1726
- Tramandaí: 3661-4620
- Capão da Canoa: 3689-3206
- Torres: 3626-4798
- Ceclimar (51) 3627-1309