Foi por volta das 18h25min desta sexta-feira (27) que, no pátio do Planetário da UFRGS, mais de cem espectadores, enfim, puderam visualizar a olho nu o eclipse da Lua no céu repleto de nuvens de Porto Alegre. Cercado de expectativas, o acompanhamento do fenômeno provocou reações diversas, que oscilavam entre a frustração e o alívio de, ao menos, poder ver o satélite.
— É só isso? — questionou Caroline Martins, 23 anos, que se deslocou ao local com a amiga Alícia para observar o eclipse.
Ao contrário do que se esperava, o público que ocupava o planetário na hora do evento não conseguiu visualizar vermelhidão no satélite, que portava a sua coloração natural e tinha grande parte de sua superfície encoberta – com um aspecto similar à fase minguante.
De acordo com a astrônoma Miriani Pastoriza, cidades à leste do país tiveram mais facilidade de avistar o fenômeno. Outro componente dificultador se refere ao horário de início do alinhamento entre Terra, Lua e Sol, que ocorreu por volta das 16h30min, momento em que o satélite não havia nascido no céu da Capital. Ao se referir às particularidades desse eclipse, a especialista destaca a duração de, aproximadamente, cinco horas.
— Daqui a uns cem anos, vai acontecer novamente. Não o eclipse total de Lua. Vão acontecer outros eclipses no próximo ano, mas não tão longos como esse — afirma a astrônoma.
Desde as 16h de sexta, atividades relacionadas ao fenômeno eram realizadas no Planetário, que projetava, na Sala Multimeios, imagens via satélite da Nasa e realizava explicações sobre o céu da Capital na Cúpula principal. Segundo a coordenação do Planetário, mais de 500 pessoas haviam circulado pelo local até o final da tarde, quase o dobro da média diária.
“Caçadora de eclipses” esteve no Planetário
Dentre os espectadores, estava Elizabeth Alves, 75 anos, carinhosamente chamada pela filha Lúcia Alves, 45, de “caçadora de eclipses” devido ao fascínio da mãe pela astronomia.
— Eu adoro ficar tarde da noite olhando as estrelas — afirma Elizabeth. — É muito bom isso (o evento de observação), porque muita criança não conhece, nunca veio no Planetário. Olham isso aí e ficam com a cabeça lá nas nuvens.
Além de ser a oportunidade de um primeiro contato dos menores com o assunto, o evento também proporcionou reencontros. Acompanhada da filha Ana, quatro anos, e da sobrinha Débora, 12 anos, a servidora Graziela Feijó retornou ao Planetário após 30 anos com o objetivo de incentivar o contato das meninas com a temática espacial.