Novo laudo de laboratório do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF) confirmou a presença de tuberculose nas vísceras de um cervo do parque Pampas Safari, em Gravataí.
Os técnicos fizeram análises em amostras de três animais da espécie – em um dos casos, o resultado foi positivo. A bactéria encontrada é a de um tipo de tuberculose que pode afetar humanos. O exame foi feito a partir de isolamento bacteriológico, que é mais preciso.
As coletas foram feitas em 20 cervos do Pampas abatidos em 18 de agosto, em um frigorífico. Foi o primeiro grupo de animais sacrificados pelo parque, que, em meio às suspeitas de doença no plantel e ao desinteresse em seguir com o empreendimento, apresentou às autoridades estaduais e federais um plano de encerramento de atividades que previa o sacrifício de animais exóticos.
Depois de os primeiros exemplares serem descartados, teve início uma batalha judicial com protetores de animais, o que paralisou a continuidade do processo de fechamento do Pampas – desfecho desejado pela família Febernati, proprietária do negócio.
No ato do abate dos primeiros 20 cervos, foram coletadas vísceras para análise, todas encaminhadas ao IPVDF. No primeiro momento, os resultados não foram positivos para a presença de tuberculose, mas os laudos foram considerados inconclusivos.
Em três das amostras, devido a fatores suspeitos como a presença de nódulos, foi feita a opção por exames mais aprofundados. E foi assim que o IPVDF descobriu a tuberculose nos despojos de um dos cervos testados. O laudo técnico foi emitido nesta segunda-feira (18).
O histórico de identificação de tuberculose no Pampas não é recente. De 2003 a 2017, 74 animais, entre cervos, lhamas, bovinos, búfalos e anta, foram diagnosticados com a espécie bovina da bacteria, conforme relatórios do Ibama e da Secretaria Estadual da Agricultura (Seapi).
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em duas decisões, autorizou que os proprietários do parque seguissem o plano de encerramento, com a programação de abates dos cerca de 400 cervos que vivem no lugar. Os argumentos foram o da saúde pública e a inexistência de norma que proíba a prática. Mais recentemente, a Justiça Federal determinou que se façam exames para detectar a presença de tuberculose em todos os animais do plantel, com autorização para sacrificar somente os doentes, preservando os sadios. Agora, o laudo do IPVDF, que confirma um caso da bactéria, será anexado ao processo.
O Pampas foi fundado em 1977 e está localizado em uma área de 320 hectares em Gravataí, na RS-020. Em 2013, após uma fiscalização, o parque ficou por três meses interditado, recebendo autorização posterior para reabrir. Como não houve solução para os problemas que passaram a ser detectados, o Ibama cancelou a licença de funcionamento do Pampas em 14 de junho de 2016. Desde então, o local está fechado para visitação. Na mesma época, os órgãos de controle apresentaram ao Ministério Público Federal elementos para a abertura de um inquérito civil sobre o caso. A investigação segue em curso atualmente.