Uma centena de chefes de Estado e de governo, mas "por enquanto" não o presidente americano, Donald Trump, foram convidados para a Cúpula de Paris sobre o clima de 12 de dezembro, anunciou nesta terça-feira (7) a presidência francesa.
Esta cúpula, denominada "One Planet Summit" e organizada em conjunto pela França, a ONU e o Banco Mundial com ocasião dos dois anos do Acordo de Paris sobre o clima, reunirá cerca de 2 mil participantes, entre eles 800 organizações e atores públicos e privados.
"Por enquanto, o presidente Donald Trump não está convidado" porque os chefes de Estado convidados são aqueles "dos países envolvidos na implementação do acordo", afirmou em um comunicado a presidência francesa que, no entanto, convidará representantes do governo americano.
A reunião foi anunciada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, na cúpula do G20 de julho passado, para voltar a mobilizar a comunidade internacional em torno a este tema após a decisão dos Estados Unidos de se retirar do Acordo de Paris.
A saída de Washington do pacto foi anunciada por Trump em junho passado, mas só será efetiva a partir de 2020. A cúpula será realizada após a 23ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP23, que vai até 17 de novembro em Bonn, na Alemanha.
Perguntado sobre a utilidade prática de um encontro climático adicional e a possibilidade de obter resultados em um único dia, o palácio do Eliseu afirmou ser "necessário e importante" fortalecer a mobilização internacional. "Mas não será uma 'pledging conferência' (conferência com compromissos oficiais)", advertiu o Eliseu.
Paris espera "construir coalizões para chegar a esta cúpula com resultados concretos", por meio da criação de dinâmicas com cidades, fundos de investimentos e bancos de desenvolvimento. "A ideia é mostrar que há ação, que é necessário acelerar e encontrar novas fontes de financiamento para projetos muito concretos. É muito complementar" à COP23, consideram as fonte em Paris.
"Precisamos avaliar onde estamos em relação aos compromissos. Se não acelerarmos nossos esforços, não conseguiremos atingir o objetivo de um aumento (da temperatura) de 1,5ºC até o final do século. Devemos redobrar os esforços", ressaltou o Eliseu.
Aprovado no final de 2015 e ratificado até agora por 169 países, o Acordo de Paris visa limitar o aquecimento global abaixo de 2°C e, se possível, abaixo de 1,5ºC, em comparação com os níveis pré-industriais. Mas o anúncio da retirada americana deste tratado histórico foi como um golpe para um processo complexo, que exige o fim do uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás) para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Nesta fase, os compromissos voluntários assumidos pelos Estados em Paris ainda pressionam o termômetro global para mais de 3°C.
Apesar dos progressos como a estabilização das emissões de CO2, a distância entre a ação e as necessidades é "catastrófica", advertiu a ONU em um relatório divulgado na semana passada, convidando os países a aumentar sua contribuição.