Além de ser uma das rodovias federais mais movimentadas no Estado, a BR-116 é também a que concentra o maior número de acidentes no Rio Grande do Sul. Levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) considerou 19 trechos de 5 quilômetros com maior número de ocorrências entre janeiro de 2022 e julho de 2024. Destes, 11 pontos estão na BR-116, o que representa 57% do total.
Os números serviram de base para que a PRF realizasse, na manhã desta quarta-feira (11), uma vistoria para analisar problemas estruturais que podem contribuir para os acidentes. O trabalho ocorreu no trechos entre os quilômetros 250 e 245, em São Leopoldo, e entre os quilômetros 245 e 240 em Novo Hamburgo.
Entre os principais fatores apontados, estão a falta de sinalização e questões ligadas às obras que ocorrem na rodovia. Nas proximidades da ponte sobre o Rio dos Sinos, por exemplo, que está em obras desde 2021, foi observado excesso de sedimentos de obra e falta de pintura nas faixas que foram ampliadas. Esses trabalhos fazem parte de uma série de intervenções na rodovia entre Porto Alegre e Novo Hamburgo.
— A gente viu que o pavimento apresentou várias ondulações na pista, além de excesso de material, deixando o asfalto liso, o que é um risco para os motoristas principalmente quando chove. Vimos também sistema de drenagem obstruído por conta do lixo acumulado, e ausência de guarda-corpo para proteger os pedestres — aponta a inspetora Marina Higa, chefe do serviço de Perícia da PRF.
Outros fatores de risco já haviam sido pontuados em uma análise feita previamente e incluem iluminação, animais na pista e fluxo intenso.
A partir desses apontamentos, a PRF produzirá um relatório em até duas semanas. O documento será entregue ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável por implementar melhorias na rodovia.
— A gente sabe que uma via bem sinalizada tem a tendência de moldar o comportamento humano a hábitos mais seguros e também prevenir acidentes. Então a via tem que perdoar o erro humano, ou se o acidente ocorrer, a via tem que minimizar as consequências das lesões — complementa Marina.
As vistorias fazem parte da Operação Temática de Dignóstivo de Pontos Críticos de Sinistralidade, que ocorre em outras estradas do país. Além desta rodovia, outras três têm trechos considerados perigosos: BR-158, BR-290 e BR-386. No caso da freeway (BR-290) entre Porto Alegre e Cachoeirinha, uma vistoria também foi feita nesta manhã de quarta-feira. A ação deve se repetir nesta quinta-feira (12).
Principais fatores de risco identificados
- Acúmulo de resíduos na pista (terra, sujeira, pedras): aumenta o risco de derrapagem
- Pista ondulada: aumenta o risco de derrapagem
- Falta de Sinalização em placas e na via: dificulta comunicação entre motoristas e pedestres
- Calçada danificada: aumenta o impacto em caso de saída de pista
- Ausência de Guard rail (guarda-corpo): aumenta o impacto protegendo postes e pedestres: aumenta o impacto em caso de saída de pista
- Ponto de ônibus em local inadequado: aumenta circulação de pedestres próximo à via e serve de obstáculo para motoristas
- Tracejados antigos ainda presentes na sinalização viária: confundem motoristas e aumenta risco de colisão