Três motoristas argentinos ou uruguaios foram multados a cada hora nas estradas federais gaúchas neste verão. Este foi o balanço divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) nesta semana, equivalente aos meses de janeiro e fevereiro.
O total de ocorrências numa mesma temporada é o maior dos últimos quatro anos, ficando atrás apenas de 2019. Na comparação com o mesmo período de 2022, por exemplo, os números de agora são seis vezes maiores.
A PRF registrou 4.682 multas. A maioria foi por excesso de velocidade e ultrapassagem indevida, mas houve casos de crianças transportadas irregularmente e veículos trafegando sem nenhuma das placas de identificação. Nos dois primeiros meses do ano passado, foram 717 registros. Em 2019 — que teve o verão com maior número de casos nos últimos cinco anos —, foram 4.951 multas aplicadas a estrangeiros.
O inspetor Douglas Paveck, responsável pela comunicação da instituição, diz que 82% das ocorrências foram na BR-290, a principal via de acesso dos hermanos no Brasil. Nela, foram 3.854 registros. As BRs 285 e 116 aparecem em segundo e terceiro lugares, respectivamente, como as que mais tiveram veículos estrangeiros multados.
Em relação às infrações mais recorrentes, houve 2.278 multas por excesso de velocidade em 20% acima do máximo permitido em uma via e outras 355 por velocidade acima de 50%. O total foi de 2.633 casos.
As ultrapassagens indevidas ou em locais proibidos aparecem em segundo lugar, totalizando 1.379 registros. Em alguns casos, houve acidentes que terminaram em mortes. Um deles foi no dia 21 de fevereiro. Houve uma colisão frontal na BR-290 em Rosário do Sul, na Fronteira Oeste. Na ocasião, uma mulher de 44 anos e uma criança de cinco anos, ambas argentinas, morreram. Outras duas pessoas do mesmo país ficaram feridas.
Além dos casos de ultrapassagens e excesso de velocidade, houve vários registros de motoristas e passageiros que não estavam usando o cinto de segurança.
Paveck destaca que três tipos de multas envolvendo veículos argentinos e uruguaios chamaram a atenção dos policiais rodoviários no Rio Grande do Sul: houve casos de crianças sendo transportadas irregularmente nos veículos, principalmente no banco dianteiro. Ao todo, foram 19 multas em relação a esta infração. Outros 30 condutores foram flagrados dirigindo sem documentos obrigatórios para estrangeiros no Brasil e, em 13 ocasiões, motoristas estrangeiros foram multados e tiveram os veículos retidos por trafegarem sem nenhuma das duas placas de identificação.
Abordagens
Veículos abordados que apresentavam alguma multa ou irregularidade foram retidos. Muitas das ocorrências registradas foram por meio de equipamentos eletrônicos. Mesmo assim, em caso de abordagens, os automóveis ficaram nos postos rodoviários e os motoristas foram orientados a irem até uma agência bancária ou lotérica para pagarem as multas devidas. Somente desta forma tiveram os veículos liberados e puderam seguir viagem para seus destinos no Brasil ou retornarem aos seus países de origem.
— A gente acredita que não basta só autuar, mas tem que cobrar também. Essa questão de doer no bolso, infelizmente, é necessária para diminuir o número de infrações de trânsito cometidas por eles (estrangeiros) e também garantir uma segurança não só para nós brasileiros, mas também para eles — diz Paveck.
Já em relação aos motivos que levam os hermanos a cometerem várias infrações, a PRF informa que o desrespeito às leis de trânsito brasileiras, conforme apuração, se dá pelo fato de que os condutores argentinos e uruguaios, normalmente, usam as vias gaúchas apenas como forma de passagem para o litoral catarinense. Desta forma, segundo Paveck, abusam da velocidade e das ultrapassagens indevidas com o anseio de chegar logo ao destino no Estado vizinho. O mesmo vale para o retorno aos países de origem.