O Rio Grande do Sul registrou 696 mortes em acidentes de trânsito nos primeiros seis meses deste ano, o menor número para o período em 14 anos, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS). O total é 14,28% menor do que o registrado no primeiro semestre de 2019, quando foram contabilizados 813 óbitos em vias gaúchas.
No entendimento do Detran-RS, a menor circulação de pessoas e de veículos nas ruas em razão da pandemia de coronavírus está entre os fatores que ajudam a explicar essa redução. É o segundo ano consecutivo que o Estado apresenta queda no indicador, no entanto, a de 2020 é maior do que a registrada no ano anterior.
— O fator que deu um impulso grande foi a própria pandemia, o isolamento, o distanciamento social — pontuou o diretor-geral da autarquia, Enio Bacci.
Essa é a mesma percepção do engenheiro civil e doutor em Transportes da UFRGS João Fortini Albano. O especialista destaca que a não existência de uma mudança mais abrupta na legislação de trânsito e de operações mais robustas no âmbito de fiscalização reforçam essa hipótese.
— O volume de tráfego caiu barbaramente. No início da pandemia, nos primeiros meses, foi maior ainda. (...) É uma relação direta entre causa e efeito. Menos movimento, menos volume de tráfego, menos acidentes, menos mortes — explica Albano.
Bacci destaca que essa redução acentuada e fora da curva foi puxada principalmente pela diminuição no número de mortes dentro dos perímetros urbanos. O recorte do órgão em relação ao tipo de via onde ocorreram esses óbitos corrobora com essa avaliação. Comparando o primeiro semestre deste ano com o de 2019, o número de morte em acidentes de trânsito em vias municipais caiu de 319 para 244.
O diretor do Detran-RS afirma que é complicado estimar como a acidentalidade se comportará no Estado neste segundo semestre, mas acredita que dificilmente 2020 fechará com reduções nos mesmos patamares da primeira metade do ano.
Em relação ao perfil das vítimas, como motorista, passageiro e pedestres, quase todos apresentaram redução no número de mortes, exceto os motociclistas. A categoria manteve o mesmo número de óbitos nos seis primeiros meses deste ano na comparação com igual período do ano passado: 200.
O número de acidentes com mortes também apresentou retração na comparação com o mesmo período do ano passado, caindo de 740, em 2019, para 638 (-13,78%) neste ano.