Pelo segundo ano consecutivo, o Rio Grande do Sul registrou queda no número de mortes no trânsito. Em 2019, foram 1.591 óbitos em vias municipais, estaduais e federais — retração de 4,7% se comparado ao mesmo período de 2018, segundo dados divulgados pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS). Colocando uma lupa sobre a série histórica, 2019 aparece como o ano com menos vidas perdidas em acidentes de trânsito no Estado nos últimos 13 anos.
Comparando com 2010, ano com maior número de mortes em acidentes, 2.190, 2019 apresenta recuou de 27%. No ano passado, colisão (frontal, traseira ou transversal) segue liderando entre os tipos de acidente com maior número de mortes no Estado (507), seguida por Atropelamento (325) e Colisão Lateral (175).
No entendimento do diretor-geral do Detran-RS, Enio Bacci, os números são reflexo de uma tendência observada no Estado nos últimos anos. Admitindo que o número de mortes segue elevado, Bacci destaca, em nota, que ações desempenhadas desde 2010 estão contribuindo para essa curva descendente:
“Desde 2010, quando teve início a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, o RS vem se destacando no cenário nacional com a redução gradativa das mortes no trânsito. Isso se deve a seriedade e consistência de programas de educação e fiscalização realizados pelo Detran-RS e outros órgãos de trânsito das esferas municipal, estadual e federal”.
O engenheiro civil e doutor em Transportes da UFRGS João Fortini Albano também entende que o resultado de 2019 segue um movimento observado nos últimos anos. Albano elenca o “medo da multa”, que impõe maior cuidado aos motoristas, mudança de comportamento dos condutores e a efetividade da fiscalização como fatores que explicam a redução no número de mortes nas vias do RS. Segundo o especialista, usuários e o poder público têm de estar alinhados para provocar queda maior na mortandade no trânsito:
— Os caminhos têm de ser tomados de maneira simultânea. Não adianta bater só na fiscalização, bater só na educação ou nas condições das estradas. Todos têm de agir de forma simultânea.
Albano reforça alguns cuidados que os motoristas precisam tomar para combater distrações ao volante, como evitar mexer ou falar ao celular, conversar com passageiros e acionar com frequência dispositivos do veículo, como botões do ar-condicionado e do rádio. O engenheiro salienta que essa prudência ajuda a evitar acidentes causados por desvios de atenção.
Mortes em rodovias
De 2018 para 2019, o número de acidentes fatais nas vias estaduais recuou 10%, caindo de 516 por 464. Nas federais, cresceu 1,5%, subindo de 377 para 383. Em 2019, as rodovias federais ficaram sem uso de radares móveis durante quatro meses, entre agosto e dezembro, por determinação do governo federal. O controle foi retomado no fim do ano após determinação judicial. Porém, não há dados específicos de acidentes durante o período em que os aparelhos não foram utilizados. O levantamento do Detran-RS expõe apenas informações mês a mês de todas as vias (municipais, estaduais e federais).
Menos mortes de motociclistas
Os motociclistas seguem no segundo lugar no ranking de vítimas por tipo de participação, somando 379 mortes em 2019. No entanto, mesmo elevado, o número é 7,56% menor do que o registrado em 2018, quando 410 perderam a vida. Na ponta desse levantamento estão os condutores de veículos com pelo menos quatro rodas, como automóveis, que correspondem a 465 das mortes, redução de 3,92% em relação a 2018. Na terceira posição, estão os pedestres, com 330 mortes, elevação de 1,85%.