Levantamento realizado sobre acidentes de trânsito em 2018 no Rio Grande do Sul verificou que 38,3% dos mortos tinham álcool no sangue. O diagnóstico, feito em parceria entre o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) e o Instituto-Geral de Perícias (IGP), cruzou informações das vítimas com as perícias realizadas pelo IGP no ano passado.
A pesquisa revelou que, entre os motoristas que morreram em 2018 em acidentes de trânsito no Estado, 41,3% tinham algum grau de álcool no sangue. Para os condutores mortos nas madrugadas de domingo, o percentual chega a 94,7%. Dos motociclistas, 34,4% das vítimas havia consumido bebida alcoólica.
A partir do diagnóstico apresentado pelo levantamento, os órgãos de trânsito já começarão a atuar nas ruas e rodovias do Estado, afirmou, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o diretor-presidente do Detran-RS, Enio Bacci.
— Antes, tateávamos no escuro. Agora, vamos atuar com ações cirúrgicas. Não adianta fazer Balada Segura o dia inteiro em uma terça ou quarta-feira. Operações precisam acontecer todos os dias e se intensificar na sexta, sábado e domingo. E precisa passar a madrugada toda fazendo essas operações, pois muitos esperam amanhecer para se locomover ou sair de festas.
Para Bacci, esse trabalho é apenas o começo de um grande esforço para frear as mortes no trânsito provocadas pelo consumo de bebida alcoólica.
—É um trabalho embrionário. Ainda há muito a ser feito pela frente.
Pedestres e ciclistas mortos
Os dados também mostram que 45,9% dos pedestres e 42,1% dos ciclistas mortos em acidentes de trânsito no ano passado tinham consumido álcool. Mais da metade desses ciclistas e pedestres morreram em estradas.
Influência do álcool é maior na madrugada
O levantamento mostrou que a influência do álcool em acidentes de trânsito com morte é maior durante a madrugada (64,6%) e no turno da noite (48,6%). O álcool esteve mais presente nas vítimas que morreram aos domingos (59,7%) e aos sábados (46,7%).
Gênero e faixa etária
De um total de 855 homens que morreram no trânsito em 2018 e que foram testados para alcoolemia, 359 apresentaram resultado positivo (42%). Entre as 192 mulheres mortas em acidentes e que foram testadas, 42 tinham bebido (21,9%).
Em relação às faixas etárias, a pesquisa mostra que os mais jovens e os mais velhos representam os menores percentuais entre as pessoas testadas. Das vítimas com até 24 anos, 36,6% estavam alcoolizadas no momento do acidente. Acima de 55, o percentual foi de 26,9%.
Entre as demais faixas etárias, em mais de 40% dos casos foi verificada influência do álcool:
- 42,7% dos mortos de 25 a 34 anos;
- 44% dos mortos de 35 a 44;
- 47,9% dos mortos de 45 a 54 anos.
Acompanhamento será permanente
A pesquisa considerou como amostra 1.047 vítimas, ou 62,7% do total de mortos no período. A intenção dos órgãos envolvidos é, daqui para frente, fazer o monitoramento permanente da influência do álcool em acidentes de trânsito no Estado.
O Detran-RS deve analisar agora os dados por região, dias e horários onde se concentram os acidentes envolvendo álcool para propor soluções. Também a partir das informações da pesquisa, a Escola Pública de Trânsito deverá planejar ações na área de educação para o trânsito.