Uma pessoa maravilhosa, de bom coração, um guerreiro. Esses são alguns dos adjetivos usados por amigos e familiares para descrever Fernando Geraldo Carvalho Braga, 50 anos, morto em acidente de trânsito em Cristal, no sul do Estado, na noite de domingo (18). Braga, que era motorista da Secretária Municipal de Saúde de Cristal, transportava três integrantes de uma mesma família, que também perderam a vida na colisão — o casal Valdomiro Meirelles dos Santos, 45 anos, e Elizete Oliveira Rodrigues, 43 anos, e a filha recém-nascida deles, Emily, que tinha um dia de vida.
Jaqueline Carvalho, irmã de Braga, diz que o motorista sempre será lembrado como um homem de “coração enorme” e carinhoso. Também funcionária da prefeitura de Cristal, Jaqueline afirma que o irmão tinha ótima relação com familiares, amigos e colegas de trabalho:
— Era uma pessoa maravilhosa. Boa para todo mundo, para os filhos, esposa. Tinha um bom coração. Faz anos que ele trabalha na prefeitura como motorista da saúde. Hoje ainda, a prefeita estava dizendo que ele era um funcionário exemplar — descreve Jaqueline.
Braga estava de plantão no domingo, das 7h às 19h, segundo a irmã, e foi destacado para buscar a família da bebê, nascida um dia antes em um hospital em São Lourenço do Sul, município vizinho. A prefeita de Cristal, Fábia Richter, informou que o Executivo costuma buscar no fim do dia pacientes que recebem alta na rede hospitalar em cidades do entorno. O transporte da família até a unidade de saúde também havia sido realizado pela prefeitura.
O motorista trabalhava na prefeitura há cerca de 11 anos. Natural de São Lourenço do Sul, morava em Cristal desde 1980. Ele deixa esposa, três filhos, de 27, 24 e sete anos e uma filha de 19 anos.
Única irmã de Braga, Jaqueline afirma que o irmão, devido ao cargo, era muito conhecido no município, e tinha uma ótima relação com a população e a alegria como uma das principais características:
— Ele era bem conhecido. Os pacientes todos sempre se acharam bem atendidos por ele. Ontem, os colegas dele estavam dizendo que ele estava sempre rindo, sempre brincando quando estava de plantão.
Jaqueline tinha um ano e Braga, cinco, quando perderam o pai, vítima de complicações de um quadro de pneumonia. A funcionária pública diz que o motorista era um filho carinhoso e que não lembra de discussões ou brigas com ele.
Atuando juntos no mesmo local de trabalho, a rotina profissional acabava provocando o encontro dos irmãos também em momentos fora da esfera familiar. Com a voz embargada, Jaqueline tenta enfrentar a perda do único irmão:
— É muito difícil. Uma dor muito grande — resume.
O velório de Braga ocorrerá em Cristal. Ele será sepultado no Cemitério municipal. A data e o horário dependem da liberação do corpo, que está no Departamento Médico Legal (DML) em Pelotas.