O motorista envolvido no acidente que matou pai e filho na BR-386, em Marques de Souza, no Vale do Taquari, foi denunciado pelo Ministério Público por duplo homicídio com dolo eventual e duas tentativas de homicídio. Para a promotoria, Marcos Alciones Weiss, 42 anos, assumiu o risco de matar ao dirigir depois de beber.
O entendimento diverge do indiciamento da Polícia Civil. Na interpretação do delegado Marcio Moreno, que investigou o caso, trata-se de homicídio culposo — sem intenção —, com o agravante de dirigir embriagado. Com a reforma da decisão, caso a denuncia seja aceita, Weiss será julgado pelo Tribunal do Júri.
Na denúncia, o promotor Neidemar Fachinetto considerou o relato de que o motorista estava em uma festa antes de pegar o carro, um C4. O condutor negou-se a fazer o teste do bafômetro, mas os agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) constataram que ele apresentava sinais de embriaguez, como "fala arrastada, olhos avermelhados e hálito etílico".
“O denunciado assumiu o risco de matar e tentar matar as vítimas, uma vez que conduzia o seu veículo em estado de embriaguez, durante a noite, com baixa visibilidade em decorrência de neblina, em rodovia com expressivo fluxo de veículos e pessoas, após ter participado de um baile no Country Club, local em que consumiu bebidas alcoólicas”, afirmou o promotor no documento.
A denúncia foi oferecida pelo MP na manhã desta terça-feira (9). Ainda cabe ao Judiciário aceitar ou não a acusação.
O motorista está preso preventivamente no Presídio Estadual de Lajeado desde o dia do acidente. O advogado Marco Mejía chegou a pedir a liberdade de seu cliente, mas teve o pedido negado pela Justiça.
O advogado diz que não há comprovação de que seu cliente havia bebido. Para ele, os dados que constam no processo deixam claro que Weiss estava em estado de choque.
— Não existe nenhum elemento, prova pericial ou filmagem que mostrem o réu embriagado. O que existe é que estava em estado de choque — afirmou.
Mejía também entende que a denúncia por homicídio com dolo eventual é um "modismo" e que esse é "instrumento mais fácil para aquele que acusa", tornando a defesa mais difícil por ser um crime a ser julgado pelo júri. O advogado considera que o mais adequado seria um julgamento por homicídio culposo — em que a decisão caberia a um juiz.
Além disso, o advogado também diz que a estrada em que a colisão ocorreu, a BR-386, não tem boa sinalização, é cheia de curvas e buracos, e tem pouca iluminação, o que, entende ele, teria contribuído para o acidente. Por fim, o defensor disse lamentar o ocorrido, mas entende que foi "uma fatalidade" e que vai recorrer para soltar o cliente.
A colisão na 386
A batida ocorreu por volta das 5h15min de um domingo. O Chevete em que viajava uma família de Canoas foi atingido pelo C4 conduzido por Weiss. Morreram Adriano Scramozzini, 35 anos, e o filho dele, Luiz Henrique Scramozzini, sete meses. A cadeirinha em que estava a criança teria sido amassada pelos bancos (pelos dois?) da frente devido à força do impacto.
A esposa de Adriano e o outro filho do casal, de 17 anos, sobreviveram e foram atendidos no Hospital Bruno Born, em Lajeado. O filho mais velho foi quem retirou os familiares do carro na tentativa de socorrê-los.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Weiss apresentava sinais claros de embriaguez, como a fala arrastada, olhos vermelhos e hálito etílico. Ele se recusou a fazer teste do etilômetro e de sinais motores na delegacia.